31 de agosto de 2011

Irmã/Solidão

Tenho me sentido sozinha, essa é a verdade. Sinto me desprotegida, sinto me indefesa e impotente. Vivo praticamente sozinha visto que na maioria das vezes tenho a casa só para mim, e se ela não se encontra vazia, é preenchida pela minha mãe. Mas só o quarto dela é que é preenchido. Gosto de ter o meu espaço, não julgo ninguém por me encontrar assim tão só. Tenho alternativas para combater a minha situação, pois esta situação fui eu que a criei, não foi mais ninguém. Mas a verdade é que muitas vezes desejo arduamente uma mão, ou um ombro. Rejeito a inexistência de uma irmã mais velha. Porque muitas vezes tudo o que preciso é de chorar encostada a alguém. Gostava de ter esse apoio, preciso dessa ponte para continuar o meu caminho. Deduzo que seja daí que vem a minha excessiva admiração por certas pessoas. Porque elas me transmitem algo de incrível e me fazem sonhar com essa figura: com uma irmã. Analiso a minha vida e vejo um total livro aberto. Não há filtro, conto tudo a quem penso confiar por ver nessa pessoa uma irmandade forte e segura. Claro que mais tarde ela revela ter sido superficial, frágil e talvez perigosa. Mas a imagem permanece por bastante tempo até o alimento que lhe dou deixar de ser suficiente. Quando isso acontece há que saber abandonar e começar outro capitulo. Mas o sonho é sempre tão real que confundo-o muitas vezes com a realidade. Ando tão triste, de onde vem tanta tristeza? Por onde entrou tanta solidão?

28 de agosto de 2011

Noite

Prometi que sempre que estivesse triste por alguma razão, pensaria num caso que vi num programa de velhas (com todo o respeito), de uma rapariga de 17 anos que já teve 3 cancros, que tem uma paralisia numa perna e num braço, e que o pai a abandonou. E aí seria o momento de pensar: "não sejas egoísta, há pessoas com vidas miseráveis e tu ficas triste com coisas destas? acorda para a vida!". Na verdade eu já pensei nisso e já tentei abstrair-me dos meus problemas. Mas não é fácil, ainda para mais quando estamos sozinhos. Quando nesse momento parece que todos desaparecem e ficamos entregues a nós próprios, e aí não podemos fazer mais nada se não aceitar a nossa condição. Quero ir sair, quero ver pessoas, mas não posso porque está tudo a aproveitar o fim do verão. Eu digo com toda a sinceridade, quero começar as aulas, anseio para que sexta feira chegue e a minha vida volte ao normal. Porque a rotina distrai-nos apesar de tudo. E é disso que preciso...de me distrair. Nunca pensei que teria saudades da rotina, mas hoje em dia tudo é possível.
Não consigo acreditar que ainda é domingo, dava tudo para que já fosse segunda, isso quereria dizer que amanhã de manhã já poderia pensar em estar com alguém, mas ainda me falta uma noite penosa. As noites não são fáceis, nunca foram. Caiu sempre no erro de pensar demasiado em vez de simplesmente dormir.
Se pelo menos tivesse alguma vontade de escrever, mas nem isso. Devia ler ou ver um filme mas estou presa a esta cama, estou presa a esta posição e a estes lençóis. Sair deste quarto parece-me um sacrifício. Tenho fome, mas cozinhar para uma só pessoa é uma tarefa dolorosa.
Não é para mim que eu luto diariamente, não é por mim que quero ser melhor, é para os outros. Não sou eu que me vejo diariamente, são os outros. Eu gosto de dar. Eu gosto de receber. E neste momento não consigo aguentar mais a solidão.

Gostaria apenas de citar uma frase que resgatei de um livro intitulado "dans un mois, dans un an" da Françoise Sagan "[...] personne n'a jamais le temps de se regarder vraiment et la plupart ne cherchent chez les autres que les yeux, pour s'y voir." .

25 de agosto de 2011

Desabafo

Nesta instância, deparo-me com alguém de muito peculiar com quem tive o prazer de conviver. Desde o primeiro instante que senti uma cumplicidade desmesurada e durante alguns dias alimentei essa admiração. Felizmente o tempo apagou aquilo que poderia vir a ser um vicio. Mas hoje, folheando umas fotografias, reparo nesse alguém. E a curiosidade não fez mais nada se não apoderar se dos meus dedos e teclar no computador em busca dessa figura. Não tardei a encontrá la e para minha maior surpresa, confirmei todas as minhas suspeitas, o que fez dessa pessoa uma inspiração (agora tenho de ter cuidado com esta palavra), inspiração vaga e passageira. Vejo na sua historia indícios da minha. Vejo nessa pessoa um modelo. E sem duvida que quero ser o que ela não foi, aprendendo com os erros que ela fez.
Escrevo este texto e publico-o como um desabafo. Anseio o dia em que essa pessoa leia este blog talvez com o intuito de se identificar minimamamente comigo. Não sei porque luto...pois frequentemente eu esqueço o troféu e luto pela luta em si. Nunca pelo troféu. Pois na maior parte das vezes o troféu é perigoso e humilhante.

24 de agosto de 2011

O fim da inspiração.

Quantos textos é que eu já te dei? Não será tempo de abandonar o barco e esperar por outro mais seguro que me leve mais longe? Ou que me leve para a frente e não para aquele passado tão distante... João Sala, eu hei de te amar para o resto da minha vida, porque um ano passou e nada mudou. Continuo com o mesmo apreço, com as mesmas saudades e com a mesma afeição. E amor verdadeiro é eterno. É um ideia que alimento por carregar em mim o peso da tua alma tão intensamente.
Não quero que te sintas pressionado, não quero que isto seja uma barreira para a nossa amizade, quero que encares isto com naturalidade. Porque não há nada a fazer, já esgotei todas as alternativas para apagar a imagem que tu um dia pintaste. Não sei com que tinta foi porque já tentei todos os produtos para apagá-la. Porra João, porque é que entraste na minha vida trancando a porta de saída? Onde está a chave! Que dizer, agora falo do João que em tempos conheci e que morreu deixando a sua alma pairando no meu coração. Alma essa que ficou presa no teu antigo corpo e na tua antiga mente brilhante. Quem és agora não me interessa. Quem amo é alguém que morreu no dia em que cresceu. Ele não voltará e tenho plena consciência disso mas a minha mente não...
Há dias pensei que devia implantar uma nova filosofia para combater as varias peripécias que me rodeiam: Decidi que as saudades não me levavam a lado nenhum e que me devia orgulhar do que tive pelo simples facto de o ter tido. E que devia aproveitar a força e o sofrimento que isso me deu para enfrentar o presente tão desprezado. Mas não resulta pois o meu sub-consciente não me permite.
Aí João Menano Sala, quantos mais suspiros soltarei por ti?

Este texto foi escrito numa manhã que precedeu um sonho. Quase sempre são os sonhos que te trazem de volta... E para variar no meu sonho há sempre uma mensagem de esperança só que o problema não é o sonho, é o acordar e ver que nada do que sonhei existe. Mas pronto, espero que saibas que é o ultimo texto que escrevo contigo na segunda pessoa do singular. Porque já chega. A partir do momento em que te envio uma mensagem a dizer te que te amo e me respondes com um "fodas deixa me em paz"....pá acho que não há muito mais a dizer. Doeu muito mas sei que o erro foi meu. Só que sabes, eu alimentei este amor por ti porque era uma fonte de inspiração. E é difícil para um escritor de abandonar a sua inspiração, e olha, é para isso que trabalho. De dia para dia apago um pedaço do teu desenho até ficar com uma folha branca. E nessa folha branca podes crer que vou desenhar outra inspiração. Olha a ironia! Falo de inspiração mas não será esse o nome da música que escreveste para mim?? Tu como artista que és devias perceber a minha situação.
Bem John, espero que a vida te corra bem, já chega de andar para trás.

Fruto Podre

Estou a ser injusta, sem dúvida. Após ter comido um fruto podre mas muito saboroso, sabendo que não seria aconselhável, vomitei e isso causou me um enjoou perpetuo. E o que é que eu fiz? Culpei o fruto por estar podre, como se a culpa não tivesse sido minha... Mas a verdade é que voltei a cair nesse erro de comer o resto desse fruto que por sinal estaria ainda mais podre. Desta vez já estava a par das consequências mas porra, não resisti em dar lhe uma segunda oportunidade! E não foi que voltei a vomitar! Sempre me disseram que à terceira é de vez mas bastaram duas vezes para perceber que jamais comeria tal fruto proibido. E continuo enjoada sempre que penso nele ou sempre que o vejo. Alias, deixei de ter o apreço que tinha por ele. Passei a apontar-lhe mil e um defeitos que anteriormente o amor não me deixava ver. Sempre que ouço o seu nome, sempre que vejo a sua árvore, sempre que sinto o seu perfume, sou consumida por um mal estar excessivo.
Mandei cortar todas as árvores do meu jardim e no lugar delas, mandei plantar outras com a intenção de renovar os ares.
Resta-me apagar o seu nome do meu dicionário e esquecer a sua imagem feia e decadente. Porque afinal de contas, não há nada a fazer...ele ficará para sempre na minha memória como sendo o Fruto Podre.

16 de agosto de 2011

[Tal como tu escutas o silêncio....]

Tal com tu escutas o silêncio,
Eu ouço as tuas palavras não ditas.
E assim vejo-te enfrentando o sio,
Nesse vai e vém de indecisões malditas.

Nega o amor como tu sempre fizeste,
Lembra-te dos nossos tempos de glória,
Nós existimos e tu próprio disseste:
Nunca me apagues da tua memória.

Guardo desta frase a raiva, a traição,
Invejo a rapidez com que esqueceste.
Toda a minha mágoa não foi em vão,

Pois já não sou quem tu um dia conheceste.
Porque digo-te, após muita reflexão,
Eu cresci e percebi que só tu perdeste.

10 de agosto de 2011

És tu

Tu levas-me a um quarto escuro,
Sempre que tu estás por perto.
Tento arranjar luz quebrando o muro,
Mas o sentimento que me move é incerto.

É raiva, é medo, são saudades,
São histórias antigas,
Recheadas de esperança e vaidades,
Apenas testemunhadas por amigas.

O teu ser foi meu oxigénio,
O meu farol, o meu norte,
O meu modelo, o meu unico genio,
A minha essência, a minha morte.

Uma realidade, uma mentira.

Em toda a minha vida fui confrontada com a ficção. Mostravam-me todos aqueles filmes americanos e eu acreditava nessa mensagem de esperança, de que tudo é possivel. O mundo não é assim tão justo. Há perigos a cada esquina, há desilusões em cada canto. Nada é tão cor de rosa, há tantas manchas, há tantas imperfeições, há tanta sujidade.
Há um ano e meio que amo alguém. No inicio, a nossa historia esteve perto dessa realidade mas agora mais parece um cenário de filme deprimente russo. Adorava que as relações não fossem tão complicadas, adorava que bastasse uma equação de primeiro grau para depois chegar ao resultado certo... Porque é que o meu calculo é tão complexo? Se calhar é apenas impossivel..
Como esquecer todas as horas a trabalhar nesse calculo? Dias de raciocinio... Abandonar para começar do zéro? Agora que eu estava tão perto? Se calhar é apenas impossivel... É o chamado tão perto mas tão longe, frustrante, não?
Quantos pensamentos? Quantos sonhos? Quantos textos? Quantos delírios? Quantas palavras? Quantas tentativas? Quantas lágrimas? Quantas saudades!
Eu odeio-te por me roubares as forças, por ocupares a minha mente, por me teres deixado os teus traços e, por fim por não me dares a honra de estar no teu pensamento.
Basicamente, eis a metáfora da nossa relação: Engravidei quando começaste a estar a meu lado. Depois finalmente o nosso bebé nasceu. Mas infelizmente o destino tratou de o matar. E no seu lugar nasceu a nostalgia que nunca deixou de se desenvolver....

8 de agosto de 2011

Mês de Agosto

Dar te este mês de Agosto é quase um pecado. É o melhor mês do ano e eu estou te a dá-lo. Foi o mês em que tudo começou e será talvez o mês em que tudo acabe...

Sem ti

Sem ti o pôr-do-sol é uma porta que se fecha e mais um dia que passa sem ti,
Sem ti a minha mente é um buraco negro onde tantas vezes me perco,
Sem ti as flores são ortigas onde tantas vezes me pico,
Sem ti a paisagem é tapada por uma neblina serrada,
Sem ti a melodia é um simples conjunto de acordes,
Sem ti o meu mar esta reduzido a um copo de agua,
Sem ti o sol que brilha lá em cima é frio e distante,
Sem ti o meu andar é acorrentado por uma ancora,
Sem ti a minha casa perdeu a sua essência,
Sem ti não há pontos no meu pensamento,
Sem ti a piscina da minha vida está vazia,
Sem ti o vento é um sopro pestilento,
Sem ti só há virgulas e reticencias,
Sem ti o meu corpo é uma pedra
Sem ti a maré está sempre baixa,
Sem ti cada parede é uma prisão,
Sem ti a lua é sempre lua nova,
Sem ti a minha escrita é negra,
Sem ti o meu canto é triste,
Sem ti o meu chão é palha,
Sem ti as velas apagam se,
Sem ti o horizonte é o fim,
Sem ti cada verso é prosa,
Sem ti o verão é inverno,
Sem ti o céu é escuro,
Sem ti o ar é pesado,
Sem ti [...] sala