21 de setembro de 2012

Amor

Que mês mais pobre para a minha escrita, contrariamente à minha vida que está hoje como sempre quis que estivesse. Só não esperava que fosse assim, sempre idealizei mais e ao ter, descobri que afinal não era aquilo que procurava. Ele não gosta de mim e eu gostarei? Não tenho vontade de estar com ele, no entanto sei que quando não o tiver voltarei a persegui-lo. O que doí mais? Ter sabendo que ele não gosta de mim ou apenas não ter?

Estou com ele há um mês e está tudo a correr bem, não temo perdê-lo, estou feliz mas vivo numa ilusão. Sei que ele não me ama como eu o amo, ou como eu acho que o amo. Ele próprio o disse, "sou apenas uma grande amiga", será que me contento com esse estatuto sem alguma vez pensar que ele me vê como um objecto que usa para seu próprio proveito? No momento a seguir a tê-lo pela primeira vez, fiquei bêbeda, não me lembro da cronologia dos acontecimentos e, as imagens que guardo desse dia são escassas e assemelham-se a um sonho; não guardo nenhuma sensação, nem o frio da banheira sobre a pele ou do aroma do incenso que estivera aceso, e no entanto sei que existiram. A novidade e a felicidade duraram apenas duas semanas, depois tudo foi decrescendo e ele passou a ser algo que dou como garantido, algo que não vejo por estar próximo demais. Doeu muito quando soube que ele não sentia nada, doeu a lata com que ele disse isso, doeu porque achei que por uma vez eu tinha uma relação equilibrada. Acho que a dor foi uma das coisas que me motivou a quebrar toda a esperança que tinha posto nesta relação, acho que se calhar foi melhor ouvir para poder realizar que afinal isto é apenas mais uma daquelas coisas passageiras. Mas depois de tanto tempo a correr atrás dele será que posso permitir que isto acabe? Mas não será melhor que a decisão seja minha?

Amei-o todos os dias durante dois anos e meio, todos os dias fantasiei com aquele momento em que ele quisesse, e esse momento chegou, atrasado mas chegou, e eu apanhei-o, sabia que era um kairos, que não podia hesitar, que tinha de agarrar aquele momento se quisesse realmente tê-lo. E lá fui eu, agarrei-o apesar de ter vontade de o mandar embora e de me fazer de difícil. Mas como fazê-lo quando sonhamos todas as noites com esse sonho? Eu tive-o porque ele assim o quis. Vivi desde então muito bons momentos e tentei sempre alimentar o fogo da nossa paixão, dei muita lenha e aos poucos fui criando um leito suficientemente seguro, fui reduzindo a dose para que não fosse um choque e hoje dou pouca lenha e o fogo apaga-se lentamente, porque já não tenho forças, porque perdi toda a motivação desde o momento em que soube que eu era a única a alimentá-lo. Hoje não sei o que fazer, não sei se o salve ou se o apague. Estou apenas cansada e por um lado sei que se o apagar vou morrer de frio no inverno e vou-me arrepender todos os dias de o ter feito, tal como fiz da ultima vez. Então o que fazer? Ao apagar o fogo posso sempre comprar um aquecimento, não tem a mesma história e classe mas não será tão eficaz? Onde o encontrar? E se não o encontrar e quiser voltar a atear um fogo já apagado?

Se calhar o melhor é esperar, esperar que seja ele a deitar lenha na nossa fogueira, se ele não a tentar salvar é porque ela não merece ser salva. Porque é que o amor não é como nos filmes? Que seca, parem de meter ideias erradas na cabeça das raparigas!


16 de setembro de 2012

Não me apetece arranjar um titulo

Escrevo ao ritmo do meu pensamento, com lágrimas nos olhos, procuro libertar-me, procuro respirar.
Estou tão triste por me sentir só, por sentir que eles não fazem parte dos bons da fita, que têm um fundo muito mau. Sentimos-nos sós, eu e ela, nós sentimos-nos sós. Não foi ingenuidade, da minha parte foi uma falha, foi um pequeno acidente, estava demasiado distraída para salvá-la. E não consegui, e ela chorou toda a noite nos meus braços, e eu chorei sem lágrimas, chorei por dentro com todas as forças que tinha. Senti-me inútil, senti que não era desejada, senti-me um detalhe. E ela chorava e vi toda a sua tristeza, queria chorar mas estava demasiado surpresa para fazê-lo, não era real, não altura não era real.
Agora tenho de lidar com o silêncio, tenho de esperar, esperar que se divulgue para que finalmente possa criticar e persuadir as pessoas a não se darem com o mal. A mim entristece-me saber que as pessoas são tão egoístas. Estou triste porque ela está triste, não estou triste por ele não me querer como eu o quero. Ele não aparece neste retrato, ele está em segundo plano, não por ser menos importante mas por não me entristecer tanto. Mas como é que ele não me há de entristecer se só o facto de ele existir já me entristece? Magoa-me estando comigo sem gostar de mim mas magoa-me ainda mais perdê-lo. Mas não quero pensar nisso, acho que não é o momento, acho que ainda estou muito quente para poder ser ponderada nas minhas decisões. Preciso de alguém que me ame, que me faça bem, no entanto cada vez mais me deparo com pessoas, como aqueles que referi, com um fundo negro. Eu estou farta de ser magoada, estou farta de desilusões e de falsas esperanças. Ele não me merece, ele não merece que esteja agora a chorar por ele, quer dizer, nem sei se é por ele que choro, é apenas um tudo. No entanto já chorei demasiado por ele, e apesar de o amar como nunca amei ninguém, não creio que deva ficar com ele, porque doí, e porque não sei lidar com a imaturidade e sobretudo por ele não pensar da mesma maneira do que eu, com isto digo que ele pensa, mas pensa em coisas absurdas, coisas que não me dizem nada, ele não pensa em pessoas, não pensa em sentimentos, ele pensa em situações absurdas. E na verdade, gosto da sua falta de coerência nesse aspecto mas falta-me alguém que me perceba antes de me contrariar ou de me julgar, falta-me alguém que sinta o que sinto e que sinta como eu sinto.
Com isto tudo esqueço-me de falar daquela que chorou toda a noite no meu ombro, esqueço-me daquela que sofre tal como eu sofro por ele.
Não sei se quero continuar, mas não quero decidir, não quero voltar a cometer o mesmo erro, não quero criar a ilusão de que fui eu que errei. Acho que vou reler aquele texto que um dia escrevi insultando-o e relatando todas as vezes que fui massacrada com palavras que não merecia ouvir. Pois eu acho que me esqueci do que ele me fez sofrer, acho que me esqueci de pensar em mim, ele não me merece, ele não me merece.