31 de janeiro de 2013

Vejo-te em todo o lado, porém os meus olhos não te vêm. É curioso como apareces nas alturas mais invulgares, nas pequenas coisas que me levam a pensar que deves ser mesmo muito grande para apareceres em tantos sítios .. Vejo-te vezes sem conta na rua, ao som da música que tenho ouvido repetidamente, estás rodeada de várias pessoas, e olhas para quem amas, e eu vejo o brilho do teu olhar e percebo que é amor; e percebo que comigo não brilha... E controlo-me para não chorar, contudo não aguento e corro pela rua acima, sento-me nas escadas de um prédio e choro virada para a porta com as mãos na cara. Tu não me vês, tu não vês mais nada se não aquela que amas, outra que não eu... E eu continuo acreditando... Ingénua quando me vejo na televisão da minha imaginação! Luto por ti, continuo lutando, mas para quê? será que eu acredito mesmo que ainda é possível? Ingénua, infinitamente ingénua! Ai (suspiro), tenho tantas saudades de ser amada! Era tudo tão mais fácil quando eu não era tão exigente, era tão mais fácil quando não tinha amor próprio; as coisas eram tão bonitas ao meu lado... Agora é tudo tão mais complicado! É acordada tanta importância ao amor, que tudo o que se assemelha, é mandado embora pois não é o autentico... Desgraçada! Continuo amando! Fiz do amor uma coisa sagrada, exclusiva e impossível  Fiz do amor uma coisa penosa, incisiva, angustiante! Tanto sentir, tantas palavras, tanta vivacidade! Fiz do amor o mal que colho continuamente, repetidamente e inconscientemente. Fiz do amor, a dor.


Masoquismo

Sabe tão bem tirar férias de ti,
Poder andar livremente na rua,
Sem procurar aquilo que perdi,
Procurar outra cara se não a tua.

Já falta pouco para te ver partir,
E muito para perceber que te perderei,
É longo o caminho que está para vir,
Afim de esquecer quem mais amei.

Ó! Horas infinitas que não passam...
Férias que se estendem até à eternidade!
Tentativas de abstracção que fracassam,
E o mal vestido de felicidade...

Escassas horas de luz,
Num banho de ilusões...
Os nossos corpos nus;
Carne atirada aos leões.

Comam! Saboreiem aquilo que já morreu,
O meu corpo deixado ao abandono,
Coberto de sangue sobre o teu,
Isento de alma, isento de dono.

Ah! Como doí viver,
Como me destrói!
Como este padecer,
É que me constrói!

Ah! Este estilhaço entrando em mim,
E os seus pedaços a incidirem no meu peito,
E espalham-se, limando-me a alma, é o fim!
Ajoelho-me de olhos fechados, e aproveito.




27 de janeiro de 2013

Sol

As coisas repetem-se e eu não aprendo a lição, volto a falhar, volto a entregar-me ao fracasso. Sou demasiado fraca, demasiado emotiva e acima de tudo, demasiado masoquista. Gosto de me magoar e procuro quem o faça por mim. Procurei-te para que o fizesses, e tu fizeste-o, e eu desculpei-me com o amor, no entanto não há amor. O amor foi uma desculpa, tu não és real, eu não te amo. Eu amo a dor, eu amo o mal. No entanto foi a ultima vez; está na altura de me valorizar, de achar que mereço mais, de achar que tu não me mereces. Que foi um erro, que todas as palavras que te dei foram um erro... Que eu sou melhor, que tu és apenas uma fonte de ácidos que me corroem a alma e me matam. És o mal que procuro. Mas está na altura de amar quem me ama, de procurar um equilíbrio, de receber algo e de dar menos. Está na altura de procurar ailleurs.
Se fosses boa pessoa não me farias tanto mal, ainda que tenha sido eu a colhê-lo... Arruma-te, és um caos, ninguém encontrará estabilidade nessa desarrumação e por muito que ela seja à primeira vista interessante, tornar-se-à num enorme defeito. E eu zelo por ti, porque me és familiar, passaste demasiado tempo dentro de mim para agora te ignorar... Desejo-te tudo de bom, mas neste momento não te quero mais ver, e custa-me muito dizê-lo porque neste momento faz sentido que te ame. Mas não te posso mais amar, tu destróis me... e se quero sobreviver, tenho de seguir em frente, sem ti. Não há esperança, tudo acaba, e isto nem chegou a começar. Por isso é uma boa altura para voltar a viver. Já não tenho medo do vazio, preciso de descansar e de me arrumar. Preciso de estar sozinha, ainda que esteja sozinha há muito tempo. Não posso forçar nada, não posso procurar algo, as coisas virão a seu tempo. 
Hoje é um belo dia para começar de novo, ainda que esteja a chover, ainda que seja domingo, há esperança no amanhã, tudo indica que fará sol..

26 de janeiro de 2013

Gostava de chorar e de dormir, numa cama com uns edredons bem altos e quentes, com o aquecimento ligado no máximo, e permanecer deitada sem ter horas para sair. Não ter qualquer obrigação, não depender de nada, nem de ninguém, gozar com o tempo por ele me ser nessa altura indiferente. Gostava de poder fazê-lo sem que reparassem, sem que o mundo exterior entrasse porta a dentro. Ficar ali deitada, bem embrulhada nos lençois de ceda e descansar. Já viram? Não ter de falar com ninguém, não ter de olhar para o relógio... Haverá melhor? Pode ser que ao sair tudo esteja melhor, ou pode ser que goste tanto de lá estar, que fique para sempre, que adoeça e faleça naquela cama paradisíaca... É tão fácil de encontrar a felicidade na depressão...
No auge da minha bebedeira, escrevo. Escrevo para ter a certeza de que estou consciente. Hoje voltei ao zero, voltei ao nada, aonde a verdadeira mágoa começa.. E lembrei-me de como é bom ter algo, nem que seja algo mau... O mau é uma desculpa para o nada, e o nada não tem desculpa, é apenas uma insuficiência... E então agarro-me ao mau para não parecer fraca.
Por favor, não te vás embora! O que será mim de volta ao nada? Não consigo viver no nada e procuro o mal, porque por muito que destrua, não é tão decadente como o nada. Sempre tive problemas de abandono, raramente me amaram e porém, já amei demasiadas vezes. Depois de ti haverá algo que fará sentido? Que trará tantas palavras..?
Eu amo-te, claramente que te amo. Quem me dera ficar eternamente onde estou, a sofrer por ti mas com a certeza de que ficarás a meu lado, ainda que não me desejes. Fica, fica! Não quero o vazio! Prefiro morrer! k1isajdkzxmzka o que me fizeste???

Estou bêbeda, não te amo mas procuro-te para escrever, depois pergunto-me porque é que me chamam de egoísta..

19 de janeiro de 2013

Corro para não me arrepender

Corro contra o relógio. Sei exactamente quanto tempo tenho, mas para quê correr? Para quê querer la chegar?  Corro para mais tarde não me arrepender, porque não sei lidar com o arrependimento, e porque assumo que por mais efémero que seja, valerá decerto a pena... O tempo assusta-me, desde que te conheço que me assusta, que passa, e que de repente já passou sem que aproveitasse aquilo que foi. E agora, o prazo é curto, e a angustia cresce progressivamente em mim...
Não esquecerei todos os erros que fiz, todos aqueles que te afastaram, viverei eternamente com a frustração de não te ter tido enquanto gritava o teu nome a todos, bem alto, acompanhado de algo extremamente piroso, e por ter chorado, e por tê-lo posto ao nível dele. E por mesmo assim não ter encontrado as forças para te ter, porque se te amava tanto, como é que te deixei passar? É a primeira vez que desejo que o tempo volte atrás, que alguém me dê uma oportunidade para remendar aquilo que correu mal.
Não te terei, sei que é tarde, até para mim, no entanto, não posso parar, tenho de correr, correr para não me arrepender... Porque depois, mesmo que eu queira, não poderei fazer mais nada...é agora ou nunca! E curiosamente o nunca é maior do que o agora, no entanto o agora existe, e isso já é alguma coisa... Há que ter esperança, mas o que anseio tanto? Será que anseio o que anseio porque é amor aquilo que sinto, ou será que é para recuperar parte do meu ego? Não amo mais nada, já não há amor próprio, já não há nada...Há meses que não há mais nada!
Se soubesses aquilo que sinto saberias que é amor, mas citando Fernando Pessoa: O amor quando se revela, não se sabe revelar.

Crio esta ilusão para que fique fotografada na minha memória, para que fique bem claro que eu nunca desisti, para mais tarde não me culpar, não achar que podia ter feito mais. E eu preciso disto, eu preciso dessa certeza para não me afundar num mar de arrependimentos. Eu corro para não haver consequências, porque contigo eu já não tenho nada a perder, mas quando te fores embora, não quero que leves parte de mim e que nunca me devolvas. Eu preciso de ter a certeza absoluta de que não há mais esperança, e não são as palavras que o dirão...

Se eu ao menos soubesse amar quem me ama..
Pois do que serve amar quando és o único a fazê-lo?
Infelizmente não é contagioso...

13 de janeiro de 2013

petitsplaisirsivresetsales

Pequenos prazeres da vida, tão pequenos no tempo mas tão grandes no baú das nossas recordações. Vem passear comigo na estrada que é a vida, vem procurar o morango, o fruto da nossa existência em comum, saboreia essa estrada pois é a única que existe. Descobre os detalhes nos quais ninguém antes reparou, da-lhes um nome,  tatua a tua cara para que ninguém se esqueça das rugas que já tens. Pinta de preto esses detalhes pois o preto ninguém apaga, ninguém ofusca, e ninguém ignora. Faz com que desse preto nasça a felicidade e faz com que a felicidade esteja sempre no fim da estrada, como uma estrela que te guia e te diz que tudo valeu a pena pois haverá uma recompensa no final, pois todo o caminho não foi em vão, pois há mais, há um fim que assinala  um novo caminho, uma nova estrada dentro da mesma. Voa, é sempre mais divertido do que andar, e voa mesmo sabendo que vais cair, pois o voo compensa a queda! O voo é aquilo que te mantém acordado e é também aquilo que te leva mais longe e que te torna mais forte, mais solitário mas mais completo.
És livre, o caminho, és tu que o fazes! Chega onde quiseres, escreve o teu próprio livro, luta como quem ama, e ama sem limites. Há homens que já foram à lua..

6 de janeiro de 2013

Compromissos

Acho que nunca terei uma relação séria, e não censuro ninguém por não querer tê-la comigo, apesar de gostar muito de mim, acho que sou uma pessoa bastante infrequentável no plano amoroso. O meu narcisismo não me deixa viver essa relação, assim como a minha inconstância. A estabilidade não é desejada na minha vida, vivo conforme o tempo, metereologicamente falando e não só. Vivo de circunstâncias que se criam à medida que avanço, vivo conforme a maré, tanto vou como venho, não há uma hora exacta, há apenas a certeza de que haverá mais, mais para fazer, mais para viver, mais para ver. E lá vou, deambulando pela cidade em busca de algo que não sei o que é, esperando ver algo, conhecer alguém, chegar não sei onde, e encontro, encontro quem não procuro e essa pessoa torna-se no final, quem eu procurava. Gosto pouco de planos e compromissos, prefiro viver conforme o meu humor, prefiro ir onde quero e quando quero, do que ir onde quis não no momento em que fui.
E estar numa relação implica ter alguém sempre atrás de nós, e isso até é, à primeira vista, bom, pois assim deixaria de levar esta vida sozinha, teria alguém com quem falar e com quem fazer aquilo que gosto. Mas a outra pessoa é como o nome indica, uma pessoa, tem os seus interesses (que não irão coincidir totalmente com os meus) e terá as suas vontades, e lá terei eu de fazer alguns sacrifícios, de ir a sítios que odeio, de ver gente que desprezo, e de me vestir de certa forma para tal evento. E não serei mais o ser livre que sou, serei levada a romper com a vida que tanto amo, e tudo isto tornar-se-à em algum monótono logo que a novidade acabar.
Por isso é que amo quem não posso ter, é a certeza de que jamais estarei face a uma situação destas, a fase de engate é tão mais divertida e a estabilidade tão entediante... Finalmente consegui explicar este meu lado masoquista. Ficarei sozinha quando todos estiverem juntos, mas estarei feliz porque serei livre e porque escolhi sofrer por amor.

2 de janeiro de 2013

Loucura

Só me apetece escrever o teu nome, e para não o fazer escrevo palavras aleatórias... Ocupo a minha mente, e preciso de ter sempre algo a escrever, é um exercício bastante difícil este de debitar as primeiras palavras que te aparecem na mente e mesmo assim fazer sentido, tudo isto afim de evitar o seu nome. Ahhhh porra, porque é que não posso escrever o teu nome aqui? Vala! Porque é que os loucos não sabem que são loucos? Eu sei que tenho momentos de loucura, e no entanto quando os tenho não estou a 100% consciente, mas sei que os tenho, que não estou psicologicamente equilibrada, que estou afim de explodir. O pior disto tudo é que ora estou apática, ora estou irrequieta, tenho raiva dentro de mim, muita! Estou deprimida, estou a ficar fraca, já não tenho forças, sinto-me velha! Não tenho energia, não tenho motivação, não tenho nada. Preciso de me curar, a escrita não compensa, doí tanto, tenho de parar de alimentar isto, porque já não tem piada, já não traz nada de novo aos meus textos, já ninguém me quer ouvir falar de quem falo, já nem sequer há esperança, e estou doente, e mereço mais. Acabou. Leonor, acreditas mesmo nisso? Quem me dera que bastasse dizer que acabou para acabar, quem me dera que fosse uma escolha que eu pudesse fazer...e não será? Preciso de levar uma vida mais saudável, preciso de limpar todos estes vícios, de me levantar da cama de me lavar, de me arranjar, de respirar um novo ar, de ter uma alimentação equilibrada e de fazer desporto.
Já atirei moedas para muitas fontes dizendo o teu nome, já fiz origamis e quis fazer mil para que se realizasse aquilo que pedia, já joguei às copas no computador contra 3 adversários com nomes de pretendentes (incluindo-te a ti, mas é de notar que isto aconteceu no fim de julho) para ver quem ficaria comigo, já comi passas na passagem de ano pedindo sempre o mesmo. E oxalá me lembrasse de todas as estupidezes supersticiosas que fiz... É muito cedo para ser louca, 17 anos, é muito cedo..

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Às vezes é preferível não dizer nada, esconder aquilo que sentimos e nunca sermos os primeiros a mostra-lo. Há muito tempo que eu não sentia isto: arrependimento. Há muito tempo que eu não queria tanto voltar atrás e mudar algumas coisas, há muito tempo que eu não sentia que joguei mal. Estúpida, fui eu, a culpa é minha, fui eu que me enterrei neste buraco, fui eu, fui eu! Devia ter feito tanta coisa que não fiz, e porem fiz coisas, coisas errada! Fui tão pouco racional, tão miserável, tão egoísta por só ter  pensado em mim e por ter achado que a merda que dava era suficiente. Fui estupidamente emotiva, desajeitadamente romântica, fui baixa, mais baixa do que aqueles poetas que se julgam mais altos*. Desarrumei-me toda, assim como desarrumei a minha vida, passei dias na miséria afogada num banho negro, apática alimentando toda aquela desgraça e loucura. Estive louca, assim como o fico todas as noites, louca, suja, miserável. E tudo isto porque ainda penso em ti, e tudo isto porque não me pude sequer despedir, porque de um dia para o outro acabou e ficou tanta coisa por dizer, e porque agora se lesses estas linhas dirias talvez que tudo ficou resolvido e que não precisamos mais de falar sobre isto. Porque me evitas, porque à distância sou demasiado imperfeita, porque o tempo está a passar...
Quero-te porque conseguiste provar que sou imperfeita como mais ninguém o fez. Pela primeira vez não estou num pedestal, em vez disso estou no meio da rua (como já referi muitas vezes) como uma ratazana (e está a chover!). O que mais dizer para te convencer a ficar comigo? Bem sei que mais valia ficar calada, que não mereces a minha loucura, porém continuo afastando-te, e continuo a querer-te, a querer aquilo que nunca terei, a querer porque me faz sentir viva. Nem por um segundo? Tens a certeza? Não custa nada...



*não foi de todo um insulto à Florbela Espanca por quem tenho muita estima.