26 de fevereiro de 2013

Final Feliz

São escassas as palavras que colho da felicidade, no entanto, hoje decidi que ia mudar o rumo da minha vida, dando então uma oportunidade à escrita feliz. E aqui estou eu, feliz, diante deste computador a teclar sem rumo, pois o que há a dizer quando a vida corre bem? Não tenho motivos de queixa, voltei da viagem mais apaixonante de sempre, aproximei-me daqueles que comigo viveram a magia africana, e hoje encontro conforto neles (e finalmente encontro-o na amizade). Hoje sinto-me completa, penso em quem penso sem pensar. É apenas uma boa recordação, alguém que tão rápido mudou a minha vida e que tão rápido a deixou... Porque tu partirás, é inevitável, a única maneira de te agarrar, seria amar-te, mas valerá a pena? Não tens regresso marcado, a minha espera pode ser eterna... Há que viver, largar o peso da frustração de não te ter tido, cuspir o acido que espremi da dor que me causaste, limpar toda a sujidade que há em mim e simplesmente viver. Viver no vazio, na felicidade, porque já doeu demasiado, porque preciso de tirar férias de ti, porque preciso de ser amada e tu não me poderás amar...
Lançaste-me para o mundo, foste a rampa que me levou bem alto, que me fez voar, e que fez com que estes meses passassem sem que os visse, e foste-te embora no momento certo, quando a primavera batia à porta. Porque na primavera, eu renasço, acordo para o mundo, e o mundo abraça-me, e sou feliz, e sorrio... Ai, suspiro, quem me dera que estivesses aqui a ver esta primavera a chegar... Se ao menos tu estivesses aqui... Desta vez podíamos ser felizes, agora que eu encontrei a felicidade noutro lado que não em ti, talvez assim equilibraríamos a balança, e tudo seria tranquilo, e eu deixaria de correr, de rastejar, de me corromper em vícios acessórios, de me afundar em tudo o que é nefasto... Talvez fossemos felizes...nunca saberemos...
Adeus, sinto que é o fim, que te vou largar, (se bem que o sinta várias vezes) que vou conseguir, que não te vou mais amar loucamente, mas que serás apenas, e eternamente, quem eu mais amei e quem eu sempre amarei, mas, platonicamente... Adeus meu amor, serás eternamente parte de mim, mudaste tudo em mim, por isso, quando eu morrer, reclama cada texto que te pertence, porque foi tudo para ti meu amor, foste sempre tu, e serás sempre tu, ainda que noutro corpo...

15 de fevereiro de 2013

15/02/2013

Este dia chegou, e nunca pensei que chegasse mesmo, nunca pensei que fosse real, e mesmo agora que o vivi, continuo a não acreditar. Vivo na ilusão, foste apenas de férias e voltarás brevemente, assim como eu vou amanhã de férias e voltarei uma semana depois...
E estranhamente ainda não chorei, deduzo que seja exactamente pelo facto de não acreditar que é real, que tu partiste para viver do outro lado do oceano... Estão tão longe os tempos em que éramos felizes, em que estava calor, em que me davas atenção, e em que eu não era tão pequena ao teu lado... Como é que em alguns meses tu pudeste chegar tão alto? Como é que me fizeste encolher tanto, e rastejar aos teus pés, e andar de joelhos, e ficar deitada no chão de uma rua sem nome coberta de vícios...
És uma pessoa incrível que não esquecerei, e não me canso de dizê-lo, pois após ter-te conhecido percebi que há coisas extremamente surpreendentes neste mundo... E quando penso que andámos no mesmo liceu, que partilhámos as mesmas salas, as mesmas mesas, as mesmas cadeiras, que me cruzei tantas e tantas vezes contigo nos corredores, que tive todas as oportunidades para te conhecer, e todo o tempo do mundo para te ter... Mas foi tarde demais... Cedo para mim que sonho antes de pensar, que acredito no momento, e que esqueço as consequências, mas tão tarde para ti...
Não te quero perder, não te posso perder...
Amor, Lisboa está vazia, o meu futuro é uma incógnita que não procuro, agarro-me às recordações por estares nelas e espremo-as com força, bebo o liquido ácido que delas escorre, e saboreio o momento. E doí, volto a fazê.lo, e continua a doer, e paro, tento abstrair-me, e levanto-me calmamente, mas para onde ir? Lisboa está deserta, assim como toda a minha vida...

Un seul être vous manque, et tout est dépeuplé. Lamartine

14 de fevereiro de 2013

É um final feliz,
Mas como pode ser feliz
Se já acabou?

Não pensei que chegasse,
Não pensei que fosse tão cedo...

E aqui está o fim, 
Diante de mim,

E como agarrar estes últimos segundos?
Como pensar em todos os outros que perdi,
Em vão... Porque achei que eram infinitos...

Vida, despacha-te lá de dar voltas,
Despacha-te lá de dar as certas,
Para que nos encontremos,
Para que eu volte a viver.







11 de fevereiro de 2013

O corpo a falar

Antes de te conhecer nunca tinha estado realmente doente, que coincidência coincidir sempre com o meu estado de espírito, que coincidência ser sempre em momentos difíceis. Com ele isto não acontecia, por isso acho que está na altura de te largar, pois já doeu demasiado, já destruíste demasiado em mim. Tu és a causa disto tudo, das dores de cabeça, do chorar continuo e sem razão, do frio, da falta de energia, do não-acordar de manhã. Trazes-me o mal e eu não posso fazer nada para o combater, levo com tudo em cima sem me queixar, porque és tu, porque é por ti. Mas tu não me ajudas, vês-me estendida no chão e nem paras, mas será que me vês realmente? Se calhar o problema é esse, é tu não me veres... É estares tão hipnotizada por outra cara que não vês a minha, e magoas-me talvez sem intenção... Magoas-me sem que te apercebas... Porque é que te arranjo sempre desculpas? Fazes-me tanto mal e eu continuo a desculpar-te e a idealizar-te... Passei a noite toda com febre a repetir a primeira frase deste texto "antes de te conhecer nunca tinha estado realmente doente", passei a noite toda a dizer o teu nome, alternando de frio a calor, quis expulsar-te, quis largar-te, pois doía tanto...
És o mal que há em mim, e por vezes exprimes-te fisicamente, o meu corpo fala pela minha mente, e entrego-me à doença, e sinto-te mais próxima, e peço o teu auxilio sem o verbalizar, espero que adivinhes, que me vejas a sofrer, e que acabes com o meu sofrimento... Vai-te embora! Por muito que me custe dizê-lo, eu preciso que te vás embora, eu preciso de ser feliz e estável e saudável... Vai-te embora amor, eu não posso mais sofrer por ti...

10 de fevereiro de 2013

Caos

Mais um dia, entre muitos outros, em que espero por algo que me levante desta cama. Bem posso querer ver a luz do dia, no entanto, lavo-me, visto-me, e quero sair, mas para onde ir? Está tudo em casa, está a chover, não há ninguém... Então espero já vestida, casaco posto, e enfio-me dentro dos lençóis, porque fora deles está frio... O tempo passa, mas por quem espero exactamente?
E o relógio marca agora 20h13, mais um dia em que não pude exibir a minha camisola nova, lá vou eu mudar de roupa, esperar que a comida chegue até à minha cama (o que não acontecerá) e esperar que as pessoas saiam de casa rumo ao bairro alto. Mais um dia em modo vegetal, sem forças para estudar, sem vontade de sair, esperando um nada, algo que nunca virá, a menos que saia de casa... Ai preguiça, quando é que entraste em mim?
O meu estado de espírito reflecte-se na desarrumação da minha casa, não há nenhuma divisão arrumada, o caos instalou-se, até que alguém o venha arrumar, alguém que não sou eu. Pois quanto mais as coisas se desarrumam, mais dificilmente ganhamos coragem para as arrumar. E neste momento, nem sei por onde começar... Por isso permaneço aqui, deitada nesta cama com a minha camisola nova, esperando algo que desconheço, mas que me salvará. Das duas uma, ou arrumará a casa, ou me levará para bem longe dela! Ou quiçá, quem sabe, ficarei eternamente aqui, esperando algo que nunca virá, e quiçá nunca poderei exibir a minha camisola nova...
Lá vou eu sair, lá vou eu entregar-me ao álcool,  fugir à minha condição, procurar socializar, procurar algo que apague o teu nome que tantas vezes ecoa na minha cabeça...

5 de fevereiro de 2013

Doente

Doente, estou doente de uma doença que ninguém compreende,
Que tem como única cura, outra doença,
Tenho alucinações que me levam à loucura,
E perco-me nelas e já ninguém me entende,

No entanto, estou doente, e a minha doença pesa tanto,
Há quem saiba de que se trata,
Há quem diga que não mata,
Porém, não há nada pior do que este pranto.

Ai (suspiro) sinto-me tão só neste pequeno universo,
(Se ao menos ela me ouvisse) Ai!
Porque é que tão rápido quanto vem... vai?
Porque é que não o posso prender neste verso?

Ah! Suspende o teu voo andorinha,
Não me deixes aqui sozinha,
Porque por mais que tente...
Estou doente...





3 de fevereiro de 2013

Nada

Haverá pior do que o nada?
O vazio, o estado de ataraxia,
Aquele destino sem o caminho.
Aquela morte sem consequências,
Aquele tédio, aquela eterna estagnação,
Aquele monstro aparentemente inofensivo,
Aquela ausência de qualquer estimulante,
Aquela mão que não sabe agarrar,
Aquele nascimento sem grito,
Aquela cara sem expressão,
Aquele abraço sem paixão,
Aquele mal que te segue,
Aquele beijo sem amor,
Aquela voz sem forma,
Aquela sombra muda,
Aquela vida sem rumo,
Aquela coca cola sem gaz,
Aquele cigarro sem fumo,
Aquele mal sem o bem,
Aquele ar insonso,
Aquele dia inútil,
Aquela vida sem ti...
Esta...
Aquela...
Aquele...
Nada.

NÃO TE VÁS EMBORA

E continua a passar,
Horas sofríveis e inúteis
Que ainda não são as certas,
Que ainda me deixam dormir,
Ainda não é a hora,
Estou de férias...
Estou esperando que o tempo passe,
Para de seguida pará-lo,
Para não o deixar passar.

Ai relógio, avança para aquele dia,
Pois todos os outros são acessórios,
Não quero mais férias,
Não quero mais nada.

Quero quem quero sem querer,
Quero quem quero sem que o consciente aprove...

E arfo como só arfei por ele.
No entanto o pronome não é o mesmo,
É um novo que aumenta o que não podia ser aumentado.

Não me queres por eu te querer tanto,
Não me queres porque já não é tempo.

Porém o vidro da minha alma diz que te amo,
Mostra um sentimento tão real,
Tão sombrio, tão avassalador,
Tão inocentemente corrompido,
Tão forçadamente genuíno,
Tão abstractamente concreto.

Diz-me que não, direi sempre que sim,
Irei até ao fim do mundo sem ir,
Procurarei alimentar o que já morreu,
Procurarei o sucesso apagado,
Sem jamais procurar outra cara,
Outro sorriso, outro nome.

E afasta-me que eu voltarei,
A espiral não se quebrará,
Estarei eternamente nela,
Amar-te-ei sem fim,
Até quando achar o contrário...

Porque és tu, será sempre o teu nome, a nossa história, a minha frustração...

1 de fevereiro de 2013

Auto Blâme

Sou de facto uma má pessoa, egoísta e narcisista,  puramente depressiva e masoquista. Desvalorizo tudo à minha volta, tendo como única preocupação: eu mesma e tudo aquilo que me afecta. Falo de mim, dos meus sentimentos que julgo serem os mais puros, e tudo à minha volta é acessório, as pessoas existem para me ouvirem e para testemunharem a minha extrema sabedoria, que no final de contas é escassa e fica muito aquém daquilo que ambicionava.
Sou suja, tenho em mim um catalogo de vícios que me destroem diariamente, mas que colecciono por serem "característicos de grandes génios". E depois pergunto-me sobre aquilo que me falta...talvez um pouco de humildade.
Mas é que é tão melhor viver assim! Finalmente não sou eu a merda! Finalmente tenho ambição! Finalmente sonho e corro atrás daquilo que quero, porque é tão mais reconfortante pensar que tudo está ao teu alcance, e não estará mesmo?

São as horas que são e estou bêbeda...
Tenho saudades da minha mãe...