17 de julho de 2013

Felicidade

Como é que todas as minhas certezas, sobre a vida, sobre o seu objectivo, sobre o meu dever, mudaram de um dia para o outro? É assustador o quanto tudo é frágil, pois tão rápido tudo se destrói, tão rápido tudo desaparece, e nós ficamos cá para testemunhar toda a destruição à nossa volta, até que um dia, somos nós que desaparecemos.
Sempre pensei escolher a tristeza por saber que da felicidade não colheria palavras, sempre disse que a felicidade se vivia, a tristeza sentia-se, e que quando se vive, o tempo voa, e quando se está triste, tudo estagna, e só nos resta escrever, para fazer da tristeza algo de bom. E foi o que fiz durante todos estes anos, alimentei uma dor inexistente, afim de me sentir viva. Sempre achei que a felicidade era uma fonte de egoísmo, uma idealização que não existia, uma verdadeira utopia, que todos pensavam alcançar, mas que era apenas uma aparência de felicidade. A felicidade, para mim, era uma coisa momentânea, que podia durar alguns segundos, minutos, horas, com sorte uns dias...mas sempre sem grande prolongamento, sem grandeza...um momento efémero pelo qual não valia a pena lutar... Aqueles que a procuravam, eram a meu ver, sanguessugas que usavam tudo para lá chegar, procuravam-na por eles. Seres egoístas, escondidos atrás de uma máscara que nem sabiam que usavam. Eu sempre me achei altruísta, mesmo sendo narcisista, sempre me pus no meio, mas sempre procurei reflectir algo para os outros, dar um bocado de mim ao mundo. Mas será que as minhas intenções eram assim tão boas? Não seria eu quem usava o mundo para colher dele o meu sofrimento, e não seria um presente que dava a mim própria? Sempre o fiz por mim... sempre quis mudar o mundo, não para que fosse um lugar melhor, mas para ser eu a fazê-lo.
E um dia, sem a procurar, a felicidade entrou de rompante pela porta, trazida por todo o sucesso que tive, mas essencialmente de mão dada com a pessoa que iria partilhá-lo comigo. Coisa que não aconteceu em Dezembro, no momento em que tinha tudo para ser feliz, só não a tinha comigo, o que fez da felicidade um riso, que tão rápido se calou... Desta vez foi diferente, ela deu continuidade à minha felicidade, fez com que fosse real, traçou uma linha no tempo, quando achei que só deixaria um ponto.

Obrigada a ti por me mostrares a felicidade. Nunca mais quero ser infeliz.

13 de julho de 2013

4 Anos.

É incrível o quanto cresci nestes últimos quatro anos, e é incrível como o meu crescimento se reflecte neste blog. Todos os momentos chave estão registados algures por aqui. Todos os meus amores e desamores, as minhas dúvidas, as minhas mágoas, as minhas crises, as minhas reflexões, os meus delírios, os meus gritos e suspiros, os meus dilemas.... Tudo se reflecte aqui, e já não sou a mesma que criou este blog, já não sou a rapariga frágil que procurava atenção, e que usou a escrita para o fazer. Tão rápido tudo ganhou outra dimensão, e já não era atenção que queria, mas uma vocação. E depois a escrita como libertação, então porque não escrever num diário? Queria que eles vissem o meu sofrimento reflectido nestas linhas, queria que deles surgisse a compaixão e o desejo de me ter. Mas quem deseja aquilo que já tem na mão? Tantos sujeitos, tantas caras diferentes, o João Sala que monopolizou tudo, assim como aquela pessoa sem nome (que por acaso deixei registado neste blog). Tudo passou por aqui, desde crises de identidade, conflitos familiares, inseguranças, males de amor, amizades fragilizadas, viagens adiadas, amores perdidos, esperanças efémeras, raios de luz nas trevas, saudades, delírios, momentos de felicidade extrema, e o declínio outra vez, orientações contestadas, a descoberta do amor onde não deveria existir, a mágoa de um não, a desesperança, a vontade de morrer, a despedida, a viagem da minha vida, e de novo a esperança, um ser terrestre que fiz divino, a sede de alcançar aquilo que não estava ao alcance de ninguém, o rastejo, a adrenalina, e a consciencialização, uma nova esperança, uma nova ilusão, e a recaída, a mágoa, e finalmente a felicidade concreta e estável.  
Foram quatro anos que nem sei como resumir, quatro anos de altos e baixos, mas quatro anos cheios de palavras e de emoções. Já não sou a mesma, é certo, mas nunca deixei de sentir com a mesma intensidade com que outrora sentira. E estou tão feliz de nunca ter tido uma vida estável, e nesse aspecto, a instabilidade fora induzida pela escrita, pois procurei muitas vezes a mágoa a fim de colher palavras. E foi então que aprendi a arriscar, e a cair, e a lutar, e a rastejar, e a arfar, e a viver. Porque no fundo, o que é a vida sem estes momentos? Por muito que sofras, é deles que te vais lembrar quando estiveres para morrer, e são eles que dão ímpeto à felicidade. Estou plenamente satisfeita com estes 4 anos, com as 13 162 visitas, com os milhares de comentários, tanto os que ficaram aqui gravados como aqueles que me foram ditos, e muitos deles esquecidos.
Sou uma pessoa realizada, que há quatro anos que partilha algo, ainda que por vezes pouco prestigioso, sinto-me viva ao fazê-lo e sinto que em cada palavra que deixo, é menos uma que guardei, de forma egoísta, para mim.

Parabéns Indefinido, que venham muitos mais!

12 de julho de 2013

Descida

Por muito que tente fechar os olhos, a verdade chega a mim de outra forma. 
A angústia do tempo voltou. Daquele que destrói tudo... 


Un jour,
Parce qu'y a rien qui dure toujours
Y a rien qui soit toujours pareil
Même le soleil
Le soleil,
Se refroidit de jour en jour
Juste un peu moins vite que l'amour
Que les vieux, les vieilles

Et déjà,
Tu m'aimes la nuit et plus le jour
Chuis pas aveugle, chuis pas sourd
Tu vas partir comme une abeille
Parce qu'y a rien qui dure toujours
Y a rien qui soit toujours pareil



 Y a rien qui dure toujours - Michel Jonasz :

9 de julho de 2013

Nunca tinha desejado a felicidade por nunca a ter conhecido. Hoje sou feliz e nem quero acreditar que um dia deixarei de o ser. Não, já não quero a tristeza, já não quero algo de destrutor que me inspira, que me da palavras e que escreve textos que trazem a compaixão daqueles que os lêem. Não vale a pena, todo o sofrimento, todo o tempo perdido, toda a desesperança...o que escrevo nem sequer compensa... E todos esses momentos, se alguma vez voltarem, que seja apenas para me levarem a este momento de extrema felicidade, que se calhar, não poderia ter existido sem eles.
Obrigada por iluminares a minha vida, e por me mostrares que ser feliz não é monótono.

6 de julho de 2013

Climax

Ela não sabia o que lhe esperava. Queria agir com a razão, mas havia diversos assuntos do coração pendentes, à espera de serem resolvidos, ainda que a solução estivesse na razão. Ela sabia o que era melhor, só não sabia se era o melhor que queria. Ela era feliz, muito feliz, provavelmente nunca tão feliz, porém, faltava-lhe algo, uma peça que se perdera, um vazio que lhe enchia de incertezas, uma essência escondida, uma metade nefasta, um órgão inanimado, um peso sem utilidade, inevitavelmente agarrado a ela. E ela temia que um dia aquela metade se reanimasse, para a consumir, para a perseguir e para a levar rumo à infelicidade suprema, aquela que em toda a sua brutalidade lhe fazia sentir viva. Frequentemente se perguntava qual era o propósito da existência; ser feliz ou fazer com que o seu nome perdure? Afinal de contas o que interessava? Ela nunca optaria pela felicidade, e quanto ao nome, não estaria cá para confirmar que continuariam a falar dela... E com isto tudo, o tempo continuava a passar, e o prazo encurtava-se, e a decisão impunha-se. Por uma vez que a felicidade existia, porque é que ela tinha tanto medo de a viver? Seria a queda que a atormentava? A depressão é bem mais confortável pois do chão já não se passa, a felicidade, na sua efemeridade, é provavelmente a coisa mais assustadora que criaram; tão rápido chegamos la acima, como num ápice podemos cair...

...O momento vale tudo, right?
Hope so, I'm all in.