13 de fevereiro de 2011

Uma visão.

Tive uma visão. Tudo aconteceu numa tarde de quinta feira. Após ter passado uma longa hora na companhia de duas amigas e de um amigo especial. Tudo corria normalmente. Sentia me estável, um bocado indiferente ao momento. Queria estar apenas com ele, queria atenção, e não tive. Ele é do tipo de pessoas que faz questão de trocar o mundo que o rodeia, por uma musica do seu agrado. E ele entra nelas, ele vive as como pela primeira vez. Eu sabia disso, sabia o quanto é que ele me desprezava mas mais uma vez....quis iludir me e achar que tinha encontrado a pessoa certa. Acreditei nisso com todas as forças. E tornou se real a partir do momento em que tive a tal visão.
           É drástico desistir...é drástico reconhecer um erro tão inútil. Reconhecer que falhámos quando sabíamos que tínhamos falhado e mesmo assim investimos, demos tudo, iludimos nos mais..; isso mata nos, isso enfraquece nos, isso desmoraliza nos.
       Sonhei com uma vida ao lado dele, e deixei me enfeitiçar pelo seu accent de Brasília. Forcei as coisas, agarrei-o com as duas mãos, porque no fundo, só queria conhecer o dia 14 de Fevereiro com alguém a meu lado.
          
                  Encontrei me finalmente sozinha com ele por vinte e nove segundos. Despedimos nos fervorosamente, deixando as mãos para trás. Senti a mão dele na minha até ficarmos sós. Cada um para o seu lado, ele a subir a linha amarela do metro, e eu a descer até ao marquês. Permanecemos imóveis, frente a frente apenas com a linha amarela a separar duas almas destroçadas por um passado árduo. Deduzi que ele ia ser o primeiro a deixar Picoas pois a plataforma dele estava coberta de rostos vencidos pela rotina. Rapidamente avistei o comboio ao longe e por dois segundos, vi-o a sorrir para mim e sem saber porquê, chorei. Parei no tempo e vi um futuro sozinha. Vi-me sem ele, vi no sorriso dele um "adeus". E digo mesmo adeus no sentido próprio da palavra: num sentido mais Francês, um adieu para sempre.
            E assim foi. Guardei durante dois dias uma angústia enorme, arrepiei me ao imaginar que a tal Visão se realizaria. Hoje, terça feira, cinco dias depois, encontro me sem ele e através destas linhas, tento expulsar a alma dele do meu pensamento. Não quero ficar presa nele, prefiro pendê-lo nesta página.