29 de janeiro de 2014

Infinito

Voltamos sempre ao sitio onde outrora fora real. Tempos distantes e cobertos por uma neblina estupidamente serrada, que dela só deixa transparecer uma vaga luz no horizonte.
Estou aqui e sou assombrada por mil e uma memórias de outros tempos, tempos que se perderam entre prantos e horas infinitas à espera de uma luz. Sinto-me velha, sinto-me inundada de vivências e de desilusões. Sinto que o tempo levou tudo e que a vida perdeu os seus encantos, no dia em que perdeu o seu mistério. O que virá? Quem amarei? Temo ter perdido os meus anos gloriosos a penar por quem não me queria, e não ter visto quem passava. Já lá vão os tempos em que tudo era fácil, em que algo fazia sentido. Estou hoje à espera do futuro, como quem espera por um comboio que não virá, como quem tem ânsia de passar páginas e páginas de mágoa, para enfim chegar até à felicidade. Estou cansada. Cansada de viver nesta constante agonia. Espero então por um propósito, por algo que me leve de volta a mim, aquela que se perdeu em ti.
Gostava de ouvir que esses tempos estão próximos, que rapidamente voltarei a viver na euforia. E gostava de me conseguir imaginar a fazê-lo, todavia, vejo a minha vida em branco, e ninguém para lhe dar cor. Ai (suspiro), porque escolhi ser quem sou? Porque é que me inventei louca? Maldito dia em que vi na arte uma janela para a eternidade! Morte a todos aqueles que me influenciaram, que me venderam sonhos, que me falaram de amor com um brilho nos olhos, semeando em mim uma vontade destruidora de me perder em caminhos perigosos e inconstantes!
Gostava de gostar daquilo que se compra, gostava de gostar daquilo que se pode tocar, gostava de não ter em mim uma vontade imensa do infinito.
Os medias só nos trouxeram infelicidades. Fomos invadidos por um enorme desejo de evasão, venderam-nos sonhos, destinos, vidas, arte, e uma infinidade de possibilidades, alargando a nossa imaginação, aquela que nos destrói com tantas expectativas e promessas.
Quem me dera nunca ter provado tal droga! Quem me dera contentar-me da sobriedade e constância de uma vida frugal.
Fome estúpida que nunca se mata! Medias de merda que me fizeram acreditar que tudo era possível, assim como foi possível chegar à lua!

Agora o que faço com tanta ambição? Como olhar para o infinito sem querer atingi-lo?

25 de janeiro de 2014

Agora sóbria. 

Um mês depois de começarmos esta jornada, achei que já tinha atingido o apogeu da nossa relação, achei que a partir dai seria sempre a descer, todavia, todos os dias continuei a subir, como se o céu não fosse o limite, provando que a vida é surpreendente, e que às vezes, podemos achar que não há mais nada, mas haverá sempre algo. Algo melhor.

Foi simplesmente apaixonante. não me lembro de ter provado tanta felicidade. Fiz escolhas erradas, fi-las por ti, porque te pus sempre em primeiro plano, porque dei a minha vida para que a tua fosse mais fácil. Se me arrependo? Não. Tudo acaba, todos cantam o mesmo, mas pelo menos eu dei tudo para que não acontecesse, e se não foi suficiente, foi porque fui a única a dar. Prefiro perder tudo o que tenho, do que perder o momento certo, aquele em que devíamos ter feito mais. 
Tens razão, degradei-me, destruí-me, e tu não ficaste. Como se eu fosse cega ao ponto de não ver os defeitos que tu também tens. Como se viver com eles fosse fácil. Como se fosses tu a gaja nua do quadro do Magritte! Sempre soube que um dia não ias voltar, e foi por isso que todos os dias abri os braços para te cumprimentar, e me despedi como se fosse a ultima vez.

Talvez um dia, quando já ninguém disser que és linda, te lembres daquela maluca que realmente te achava linda, e talvez essa maluca encontre alguém que lhe diga todos os dias que é linda, mas provavelmente, e muito provavelmente, nunca será essa pessoa que a fará feliz.

(silêncio)

Quem sabe...

16 de janeiro de 2014

De repente tudo se evapora e fica apenas o seu cheiro, aquele que vos traz de volta em recordações, e que torna este momento de solidão real. E todo o pranto de ter perdido tudo de uma só vez, invade a minha alma, e tudo em mim treme, e tudo em mim procura respostas. Porquê? Ainda ontem a minha vida fazia sentido. Tão prontamente me deixaste, e fizeste-o quando todos os outros o fizeram, deixaste-me sozinha quando mais precisei, e eu continuo correndo atrás de ti, talvez por não saber fazer nada mais, e eu continuo-me a ajoelhar diante de algo que não merece a minha admiração, algo de tão pequeno, mas que se fez tão grande aos meus olhos, porque é que toda a gente quer jogar? não podemos apenas ser felizes, monotonamente felizes? Toda a gente procura jogar ao quem sente mais a falta de quem ou ao da-me luta que eu gosto, e enquanto todos os outros fingem a indiferença, eu espelho a minha mágoa, e o vazio que me deixaram, e por muito que isso seja imprudente, e pequeno, espero sempre que chegue. Porque para mim tu chegas, ainda que para te ver tenha sido preciso sentir-te..

Rrrrrrr começa hoje o caminho do desencontro, 
tu voltarás quando eu partirei. 

Quando tínhamos tudo para o fazer de mãos dadas.

10 de janeiro de 2014

Quando é que nos desencontrámos?

Tu pars à la recherche du mauvais temps, je t’attends, parce que je sais que tu reviendras, tu reviens toujours. T'arrives, t'es en retard, t'es toujours en retard. Je t'embrase car j'ai cru te perdre, ne sachant pas que je t'ai perdu dès la première promenade. 
Et puis tu restes... jusqu'à ce que tu partes. 
Tu pars toujours...

Où est partie celle qui me donnait tant de plaisir?


 putain, je pensais avoir choisi quelqu'un qui resterait...

1 de janeiro de 2014

Dois mil e blablabla mais um

Mais outro, e todos festejaram como sempre a sua chegada, recorrendo às maiores superstições que os poderão salvar a todos da ruína. Como se o destino não estivesse nas mãos de cada um deles... Mas é mais fácil assim, se correr mal, culpemos o destino! Vem 2014, instala-te à vontade, fizemos uma grande festa para celebrar a tua chegada! Da lhe mais graxa, ele  recompensar-te-à.  
Eu cá entrei com o pé direito, não que alguma vez me tenha reparado com que pé entrei, mas este ano assim foi, tive o cuidado de pôr o pé direito, bebi champanhe, pedi um desejo, o primeiro que me veio à cabeça, e até dei beijinhos a alguém, na boca. Clichés que aceitamos, porque não vale a pena debater, porque não custa nada passar desapercebida entre eles. Depois pronto, a meia noite passou, e o champanhe deve ter contribuído para a mudez do meu telefone. Sossego (suspiro), ainda bem que estás doente, ainda bem que podemos ficar aqui deitadas como qualquer outra noite, a minha cara sobre o teu peito, os teus braços envolvendo o meu corpo, as nossas pernas enlaçadas, e nada mais. Silêncio

Sobre aquele que passou? Por ele bebi champanhe, por aquele que me proporcionou o maior apogeu destes 18 anos de existência, o momento em que conheci a felicidade suprema, aquele que me levou até ao infinito. E nada sem ti, porque nada de feliz se vive na solidão. Se o apogeu existiu, foste tu que o seguraste. Tomei muitas decisões erradas, mas a de te dar quase 7 meses da minha vida não foi uma delas. Porque consegues ser linda até quando me apetece espancar-te.