22 de outubro de 2018

Não, o que procuro não existe,
A Luz que vejo pertence aos céus,
Não, ela não é daqui,
Ela está lá estanque e pertence às ideias.

Ideias, ideais, conceitos perenes que admiro,
Conceitos perenes e estáveis que em mim vivem.
Mas eles não são do mundo, não,
Eles pertencem a este manto negro,

Eles não são de cá e nem mesmo eu
Lhes posso aceder,
Não. Eu não sou mais, nem que o deseje!
Eu, eu sou daqui,

Pertenço a uma ponte entre o mundo
E o futuro dele. Entre o que somos
E o que poderíamos ser.
Sim, eu sou do depois.

Tudo o que por ti sinto, é já
O que sentirei, e não é de hoje,
Mas de amanhã, encontro temporal
Entre o que somos e o que poderíamos ser.



11 de outubro de 2018


Olhando para quem era ontem,
Relembro a Primavera
Que ansiava ver chegar.
Lembro-me dos campos,
Dos pássaros, dos lagos e
Das mulheres nuas prontas
Pra me embalar.

Não procurava grandes tumultos,
Apenas paz.
Mas agora que cheguei ao jardim,
Invejo aquela que fui,
Intercessão de pulsões sem fim,
Campo de batalha de mil
E mais nenhuma noite.

Aqui há o que sabe bem,
Mas nada tem assim tanto sabor.
É bom... mas antes era tudo.

2 de outubro de 2018

Eros, peço-te enquanto é tempo,
Que não atices os meus cavalos
Bravos, na tua direção.
Eros, ouve-me com atenção,

Eu sei que mereço a tua Luz,
Mas ela sempre me desviou do caminho,
Ou terá sido tua mãe, Penia,
a da Falta, que prai me empurrou?

Promete-me que não me levarás para aquela
Floresta, onde as mulheres estão nuas,
e se penteiam junto dos lagos, promete-me
Que elas não me vão agarrar e acarinhar,

Se assim for Eros, tu sabes que vou
Querer adormecer e saborear,
Dos braços que não tive para me agarrar,
Adormecer no Conforto daquele Não Lugar.

Não Eros, por favor! ainda não me julgo capaz,
Deixa-me continuar a receber de longe a tua Beleza,
De forma a me precaver de me queimar,
E adormecer em vez de me levantar...