28 de março de 2014

Comprends-tu?

Comprends-tu que tu n’es pas qu’une simple femme? Comprends-tu que quand tu passes tu deviens lumière pour tous ceux qui ne croyaient plus à la beauté de ce monde ? Comprends-tu que quand tu parles il y a quelque chose comme une harpe qui accompagne chaque mot, et que tes phrases deviennent des vers, et que tu deviens sirène, et que quand tu poses ta main sur nous, tu es capable de fondre la glace qui couvre nos cœurs, d’allumer un immense feu, qui nous réveille, qui nous invite à vivre de nouveau. Tout à coup les nuages passent, ceux qui couvraient le ciel, depuis des lustres, d’une couche de poussière et de cendres. Tu crées la vie à partir de rien, tu donnes des couleurs à un siècle qui était déjà noir, tu fais danser les gens dans le métro, chanter les oiseaux et fais taire les voitures, tourner le monde et tourner ma tête, et je ferme déjà les yeux, et je te cherche, et je te vois déjà en train de courir en me prenant par la main, et on partirait voir la mer, et tu serais soleil, et je serais la lune que tu éclaires, et on se regarderait toujours, et tu me ferais chanter toute la nuit, et dans des draps blancs on se réveillerait tous les matins comme si c’était le premier, comme si on s’était retrouvées il y a deux minutes, comme si le monde était à nous deux. Toi reine et moi à genoux devant toi. Viens, laisse-moi te guérir comme tu m’as guéri, laisse-moi te faire jouir infiniment, laisse-moi t’aimer comme on ne t’as jamais aimé.


Comprends-tu que tu es belle et que c’est bien de toi dont je parle ? 



18 de março de 2014

Quando, noutros tempos, tentava alcançar aqueles seres que se fizeram divinos, vivia por mim, para matar um desejo só meu, uma fome incontrolável do inacessível. E por muito que esses seres me condicionassem, davam um sentido à minha vida. Viver para lhes tocar, porque tocar-lhes era viver. 
A conquista sempre fora uma fonte de inspiração, e quando o objecto visado se aproximava, eu assustava-o para poder correr atras dele, correr através da mata densa e seca. E eles escondiam-se em cima dos sobreiros mais altos, e quando tentava trepar e alcança-los, eles voavam, e eu saltava, abrindo as asas que não tenho, desafiando as leis da gravidade. A queda deixava-me imóvel junto da terra seca e tórrida, e uma voz murmurava "tens de parar, vais acabar por te matar", mas a sede que tinha era mais forte e calava a dor e levantava-me do chão. Coberta de poeira, a coxear, lá ia eu, de novo, rumo ao supremo orgasmo.
Depois de inúmeros quilómetros de corrida, e de uns quantos braços partidos, acabava sempre por encurralar aqueles pássaros que de mim fugiam. Quando os tive na mão pela primeira vez, provei a suprema felicidade, o mais intenso dos orgasmos. Porém, na minha mão, rapidamente os pássaros morriam.
E um dia apareceste tu, uma pessoa como todas as outras habitantes da terra. Entraste na minha vida sem que te convidasse, e nunca esperei que ficasses tanto tempo. Ja la estavas, e agora? Esperei o fim como uma fatalidade. Porque tudo acaba, porque o pico da montanha já tinha sido alcançado. Todavia, não sabia eu que era só o inicio, e que ainda havia muito por onde subir. 
Fui arrancada do meu leito familiar, daquele liceu que me acolhera durante quinze anos, e encontrei-me face a um mundo que me era alheio. Tinha tudo para me perder, para me entregar à mágoa, contudo, tu estiveste lá e construíste outro leito.
Tomei más decisões, tomei-as por ti, para te manter por perto. Se me arrependo? Não, voltaria a toma-las, vezes sem conta, desde que elas te segurassem por mais um dia que fosse. Abdiquei do mundo durante meses, dedicando-me de corpo e alma a ti. 
Aprendi a amar os teus defeitos, a calar os meus e apreciar aquilo que está mesmo ao meu lado. E tu, tu ajudaste-me a calar a minha loucura, como mais ninguém conseguiu.
Guardo muitas recordações nossas, mas tudo me parece tão distante. Quem era aquela que se dava a ti? 
E um dia, porque este dia chega sempre, tu saíste pela porta para nunca mais voltar. Quando é que te perdi? Quando é que me fiz pequena aos teus olhos?
O pranto que senti quando me deixaste é inenarrável. Creio que nunca sentira tanta dor. E creio que ainda é cedo para falar sobre essa mesma.
Bref, deixaste-me sozinha, e quem era eu sozinha? Se durante sete meses, contrariamente a ti, vivi contigo dentro de mim, com os teus problemas, com os teus desejos, com as tuas mágoas. Dei-te a minha vida inteira e tu roubaste-ma. Sozinha, com a vida toda pela frente, mas sem nada que me desse vontade de a viver.
Achei que me deixaria morrer, ate que, por uma vez quis lutar, quis viver. Fui respirar outros ares, fui procurar aquela que se perdera em ti. E numa noite, é sempre numa noite, um anjo abriu as suas asas e envolveu-me no seu abraço enquanto sussurrava ao ouvido que não voltarias, e mostrando-me simultaneamente todo um mundo de possibilidades. Para quê procurar quem me matava, quando tinha quem me curasse? 
Voltei a Lisboa com um novo ímpeto. Queria arrumar o caos que se tinha instalado, lavar-me e repensar um pouco na minha vida. Decidi largar o passado e construir tudo de novo. Sentira, nesse momento, que acordava de um sonho, que renascera e que estava finalmente sóbria. Mas quem era eu? A eterna duvida.
Experimentei mil e uma facetas do meu ser, e no final, só me confundira ainda mais. Posso ser tanta coisa, mas quem quero ser realmente?
Vim para Paris e em vez de construir algo de solido, instalei-me na primeira barraca que encontrei, e em vez de trabalhar, limitei-me a penar nas ruas, e em vez de te esquecer, continuei a agarrar-te.
E os dias passaram e a distancia deixava entrar a desesperança. Não podia continuar a agarrar-te mas também não sabia como ter as mãos vazias. Então projectei a esperança no primeiro ser que encontrei, e apertei-o, e sufoquei-o. Leo, porque não consegues viver sem um ser em mente? Porque é que vês no amor uma cura? 
E cá estou eu, no chão, de mãos a abanar, depois de ter querido voar, com as asas que não tenho, e lá está a voz que me diz que tenho de parar. E desta vez, porque a tua passagem deixou marcas, escolho voltar para casa afim de sarar as minhas feridas. E espero por ti, esperarei eternamente por ti.

Voltarás um dia? 


8 de março de 2014

Dói tanto ser quem sou. Tal afirmação me parece algo pretensiosa, todavia, ninguém sabe o peso que carrego. Serão os outros como eu? 
Não me encontro. Não me encontro aqui, não me encontro lá. Sinto a pressão da sociedade que diz que tenho de avançar, de me encontrar rapidamente, mas para onde vou? Não encontro beleza na vida, não nesta que levo. Contigo era diferente, contigo havia um propósito, algo que, por muito decadente que fosse, me fazia levantar da cama. Que me acalmava, que me fazia sentir um pouco menos só. Porque estavas ao meu lado, porque te amava, e porque o mundo inteiro podia ser feio, mas tu existias. Hoje já não estás a meu lado, e voltei a encontrar aquela que se perdera, voltei a encontrar uma Leonor inundada em pranto, que vive na procura de algo utópico, algo que só tu me pudeste dar. Enganei-me, achara que me tiveras destruído, porem, foste a única que adormeceu a minha loucura, a única que calou esta constante incerteza.  
Não posso voltar. A resposta não está no regresso, ainda que com ela poderia vir um pouco mais de estabilidade. 
Aqui há todo um mundo de possibilidades, é verdade, mas a solidão pesa ainda mais do que quando estava com eles, aqueles que não percebiam mas que diziam compreender. Pelo menos estavam presentes, pelo menos testemunhavam aquilo que sou. Aqui as possibilidades são tantas, mas tudo me parece tão distante.
Aqui ninguém me vê. Aqui sou mais uma. 
Estou cansada. Não tenho muitas esperanças no amanhã, nem no "daqui a um ano", acho que a vida já me provou que estou condenada ao pranto, ainda que já não o procure.

Cabrão do Sartre, a diagnosticar o meu problema a estas horas da noite. 
 
Que ilusão, achava que queria a paixão, a adrenalina, a loucura, e todo o mal, mas para quê tudo isto? Não tenho forças, nem alvo, nem sei por que vivo, nem para quê. 

Paz, por favor. Por uma vez paz. Sentir-me bem sozinha. Sentir-me bem com quem sou e onde estou. Mas será que alguma vez a encontrarei sozinha?

Tenho saudades tuas.
Tenho saudades de adormecer nos teus braços, aqueles que não deixavam este monstro entrar.
Para onde foste?