27 de março de 2011

Um soneto para encerrar o livro.

Carecia de ti a toda a hora,
Fechaste-me numa cárcere escura.
Com claustrofobia fiquei, noite fora.
Muito tempo passou mas a dor perdura.

Viajava com a certeza de voltar,
Via-te como um porto de abrigo.
Uma noite, no meu regresso, ao luar,
Mudei de olhos, mudei de inimigo.

Exalas o teu perfume celestial,
Cheiro-o com indiferença, já distante.
Deixou de doer, deixou de me fazer mal.

E hoje vejo-te como um emigrante,
Que numa bela manhã, deixou Portugal,
Persistindo o meu perpétuo amante.

O ultimo deste livro.

 3 de Novembro de 2010:
"Comecei a gostar de ti no dia em que fomos gravar sigma. Não sabia ao certo o que sentia. E quando gravamos inspiração, eu ai tenho a certeza absoluta, eu amava te. Lembro me do que senti ao olhar para ti a seguir a ouvir inspiração, lembro me tão bem... Nunca disse a ninguém mas sempre soube que era para mim. Lembras-te das nossas aulas de maths? ou das de português? ou melhor! das de civilização portuguesa! Lembras-te de quando vieste para minha casa fazer o acrosport e disseste "Leonor posso escrever um palavrão na parede?" e escreveste em milhares de sítios. E depois o teu pai chegou e ficou a lanchar com a minha mãe, lool.. Lembras-te de todas as vezes em que fui a tua casa? eu adorava ir a tua casa, eu adorava estar contigo la, eu adoro os teus pais, a tua gata, a tua avó, a tua irmã e o teu quarto. Eu nunca gostei de alguém como de ti. Lembro me de tanta coisa, de tantas horas no favo a falar, falar, falar...e eu nunca me fartava, porque havia sempre alguma coisa a dizer. E no parque Eduardo sétimo! ou nas nossas voltas por Lisboa! a nossa ida ao elevador! ahahaha. E daquela confusão com a Lemos por causa do trabalho de PLP C, a tua carta de desculpa "as minhas sinceras desculpas pelo transtorno" (mais ou menos) enquanto a minha era todo à volta da ideia de inocência e de contra ataque "nós não temos o trabalho porque faltavam dois grupos e numa hora há tempo para dois! portanto para nós não dava!" Foi frustrante... E lembras te em cabanas do meu melhor improviso com o podam?? Fiquei mesmo orgulhosa de mim. E quando eu te alisei o cabelo??? ahahhahaah ficaste perfeito. E a nossa letra...ainda a tenho! Espera, vou procurar....huum...onde estará?......ahhh!... encontrei....merda!....afinal não era.... Eu já a encontro. O benfica campeão, outra grande noite, tirando o facto de te ter visto a correr nu pela avenida [...]
A NOSSA HEURE DE COLLE. Ehehe, tenho todos os vídeos.. As aulas de desenho! outra comédia a inventar piadas! "medes 1 metro?" "cheiras mal?" loooool. AH ESPERA, AS AULAS DE SVT. AHAHAHAH, já nem me lembrava, aquela mulher era um máximo! lool, passávamos as aulas a ver fotografias ou a contar os segundos com ritmos na perna. Muitos bons tempos estes.. A ida a casa da nadine, a ida ao aeroporto e o encontro com a Féliciano! ahahah, seguido de um jantar em tua casa! "LUIS MIGUEL" "PRÉAU" Tenho tantas saudades dos préaux...juro te! já ninguém faz isso.. Dos jogos da selecção! que abuso. Claro que tínhamos de perder no dia em que não vimos o jogo juntos. O DIA DO CHARUTO. lol.. AHAHAHAHAHAH NÓS A ESTUDARMOS PARA O BREVET.
Eu tenho tantas memórias contigo....muito boas memórias que nunca vou querer esquecer. E ou sou eu que estou a distorcer o passado, ou és tu que estás com alzeimer, porque nós vivemos muito juntos... Eu digo te João, eu nunca amei tanto uma pessoa como te amei a ti. E nunca tive alguém na minha vida como tu. Eu preciso de ti, muito! Tenho saudades tuas, toda eu são saudades neste momento. As minhas frases estão desordenadas, não há estrutura no meu texto, não há nada. Há só esta ideia de saudades. Porque eu tenho tendência a glorificar o passado, mas não me parece o caso.
Eu vou te dizer isto muito baixinho, para ninguém ouvir. Isto tudo que acabei de escrever não é em vão... Eu tenho saudades tuas, e não quero ser tua amiga, sabes porquê? Porque sei que quando éramos assim muito próximos eu sofria... Eu sofri por não te puder ter mais de que como amigo. E isso matava me. Eu amo te, eu tenho a certeza. Porque eu não consigo esquecer tudo o que vivemos. Eu amo te.. Eu quero estar contigo. Eu preciso de ti. Mesmo se as coisas tiverem mudado, quero tentar! A vida são dois dias, vamos viver, vamos arriscar. Um dia "vamos nos rir disto", e vais ver que sim. Eu digo te mesmo João Menano Sala, eu amo te como nunca amei ninguém, e hoje tenho a certeza."

Acho que nunca doeu tanto. Acho que nunca levei uma tampa tão grande em toda a minha vida, pois a resposta a esta mensagem, foram 3 linhas rápidas, vagas e indiferentes.
Se hoje publico isto é porque finalmente, após 7 meses, já esqueci, já ultrapassei. Guardo muitos bons momentos mas no fundo, o que passou, ficou lá. E não me arrependo de nenhum dos momentos. Já não há amor, já não há apreço, há só um sorriso mas um sorriso que já nem é nostálgico. O João Sala formatou a minha personalidade, nos quatro estatutos. Como amigo, como melhor amigo, como namorado e finalmente, como maior desilusão. Não guardo qualquer rancor, não guardo qualquer revolta. Em sete meses, passaram pela minha vida, cinco outras pessoas, e foi ao fim da quinta, com quem me encontro hoje, que me apercebi que o esqueci por completo. E estou feliz. Porque hoje gosto de matemática, porque me ajuda a resolver problemas da vida, e estou feliz por ter conseguido resolver este, por ter conseguido soltar me deste peso negro. Não tenho muito mais a dizer, esgotei as minha palavras nos muitos textos que escrevi sobre este assunto tão ou mais frustrante que o tema "Alemanha". Estou pronta para novas portas e novos rumos. Let's live free again.

15 de março de 2011

Momento impertinente

Passei tempo demais a contemplar a minha rotina, procurei nela os pormenores esquecidos, esmiucei o que já tinha visto, até hoje. Vomitei o que durante 13 anos comi.
Foi preciso afastar me para perceber que estava enjoada. Foi preciso conhecer quem conheci para desprezar quem conheço.
Há algum tempo atrás, fixei-me na ideia de ensinar aqui, estava pronta a comprometer-me a ficar aqui uma vida inteira. Achei que ia chorar quando saísse do liceu mas hoje apercebo-me do quanto é que a vida é feita de mudanças. É isso que temos de procurar, uma mudança positiva. Uma evolução. Caras novas, filosofias diferentes, culturas incompreendidas, lugares desconhecidos. E quando fizermos tal coisa, teremos o poder para comparar as coisas e o livre arbitro para escolher o canto ao qual pertencemos.
Basta esticar o braço, abrir a mão e soltar a trela que nos prende ao que conhecemos.
Não é preciso esquecer tudo e todos para o fazer, basta desocupar a mente, arranjando o espaço suficiente para nova informação. Quanto mais esticarem a mente, mais poder adquirem, pois o poder está no conhecimento e na experiência.

Em mim...em mim fica sempre a nostalgia, a saudade, a palavra do nosso povo, e como boa Portuguesa, eu arfo de saudades.

13 de março de 2011

Morzine 2011

Aprendi muita coisa nesta ultima semana, para além das mais variadas expressões do porto, aprendi que não se deve julgar as coisas antes do tempo; aprendi que sem expectativas, corre tudo melhor; percebi que tenho força suficiente para deixar tudo o que tenho e recomeçar do zero, coisa que nunca achei possível. Para finalizar, percebi o quanto é que O Segredo é feito para manipular as pessoas nesta altura de crise, motivando-as e dando lhes a confiança que perderam.
Foi uma semana fácil, uma semana descontraída. Sem preocupações, sem rotina. Fui livre, estive por minha conta, não pensei uma vez no dinheiro como uma preocupação, mas como um detalhe.
Dei, partilhei e recebi. Conheci em algumas pessoas, um lado que desconhecia, por nunca ter tido vontade de o conhecer. Transmiti as minhas ideias da maneira mais discreta e eficaz.
À ida para Genève, sozinha no avião, escrevi um texto onde não existiam expectativas. Achava que a semana em Morzine, nunca poderia ser magnifica, visto que nada podia fazer sombra a Val Gardena. Enganei-me. Foram duas semanas completamente diferentes, e não sei até que ponto é que posso compara-las, mas chego a pensar que Morzine foi melhor.
Não desfiz a mala, não consigo desfazer. Voltei para casa e desprezo os muros, desprezo as pessoas, desprezo o que antigamente amava.
Como é que é possível imaginar que ontem de manhã eu estive sentada na esplanada do hotel Viking a fumar um cigarro e a beber um café...? Acabou tudo em menos de doze horas.