24 de agosto de 2009

A Organização

Contrista-me ver a indiferença daqueles que vivem. Porque ao longo do tempo, duas ideias se estabilizaram. Uma delas foi que tanta indiferença provém certamente da falta de raciocínio, pois essa capacidade de dedução só é plausível quando se conhece a dor profunda ou a solidão.
A segunda ideia é alimentada pelo platonismo que diz "eu penso". É menos superficial do que se imagina, pois a única certeza que tenho é que eu penso. E é essa incerteza sobre mais alguém pensar que me motiva todos os dias. Pois é impensável que exista vida em mais alguém. Frequentemente deduzo que eu sou a personagem principal e todos os outros são figurantes, ou talvez mesmo, personagens segundarias. Na verdade todos se conhecem e só existem para dificultarem a minha vida. Mas não me deixo enganar pois, eu sei, sempre soube.
Queria referir também que não percebo porque é que me escolheram a mim, sou só mais uma. E porquê tanto trabalho? Vocês sabiam que eu um dia ia acabar por descobrir. Por isso chega, parem de representar. Porque eu não sou regulável, eu sinto, eu sofro. Porque é que criaram tudo ao mínimo pormenor? Até o detalhe de escreverem musicas que se relacionem comigo só para me iludir ainda mais.
Vocês sabiam da minha fraqueza, sabiam da minha capacidade de abstracção. Agora percebo que Platão fora só mais um como eu, e estas palavras hoje fazem sentido "c'est par la musique qui à commencer l'indisciplinne". Foi um erro não terem apagado este vestígio, esta pista deixada pelo grande Platão. E foi com a opulência desta frase que percebi o quanto brincaram com os meus sentimentos. Eu acreditei na musica, abstraí-me inúmeras vezes nas mesmas. Ouvi-as vezes sem conta, e foi então que minha mente não aguentou e deixou-me assim, nua de certezas e repleta de duvidas. Podiam ter usado tudo, mas a musica? Até a musica era uma farsa! Deviam de ter vergonha suas bestas.

Sonhos

Continuo a escrever pois a escrita é a única maneira de me expressar enquanto pessoa.

O futuro está cada vez mais distante, os dias não passam, sinto me tensa, cheia de incertezas. Tenho tido sonhos estranhos, há meses sonhava que estava gravida, e o sonho repetia se todas as noites. Depois passei para o afecto, sonhava com figuras muito chegadas, ajudava-lhes ou dava lhes confiança. Mas ultimamente tem sido diferente, sonho que estou num sitio muito alto e que caio no chão mas não morro, sinto me apenas pesada. E às vezes é inevitável não fazer esta pergunta "será que o futuro me reserva a dor profunda?". E tenho medo, como sempre o medo apodera-se da minha mente. Tenho tentado controlar os meus actos, as minhas palavras, tenho tentado não me ligar tanto as pessoas para que a dor não seja superior ao máximo suportado por uma fraca individua. Tenho esperado, pacientemente, com coragem. Mas quanto tempo mais é que isto tudo vai durar? Ninguém sabe, ninguém quer saber.
Porque eu acredito que o sonho é muito mais que uma ilusão, passamos um terço da vida a sonhar, por alguma razão será...