29 de maio de 2012

O Futuro

O Futuro é uma incerteza, é um sujeito vestido de branco que viaja através das nossas vidas e que se adapta às diversas situações e exigências. Ele aparece-nos em sonhos ou em pensamentos mas não o podemos tocar. Quando nos aproximamos dele, transforma-se noutra pessoa, o Presente. E vivemos sempre correndo atrás dele, querendo conhecê-lo e formá-lo.
Mas é inevitável não fantasiar com um futuro ideal, aquele em que só ele é que pode torná-lo sublime. Não sei o que o futuro me reserva mas imagino-o sempre com ele. E é errado agarrar-me ao que já passou, mas como imaginar outra pessoa quando ele foi a melhor? Quando ele foi tudo o que imaginei... Só queremos o que já vimos, e eu já vi muitos, mas nenhum como ele. Como imaginar melhor se para mim ele foi o melhor? E se para mim ele é o melhor. Haverá outro melhor? Quem sabe... Por enquanto contento-me com esta referência de "ideal", porque é tudo aquilo que conheço e o que de melhor conheço. Vou sempre gostar de alguém que me lembre de quem ele é, porque inconscientemente o nosso cérebro funciona por associações; associamos caras, nomes, vozes e sensações. Há uma memória, há um disco rígido, e há coisas que ocupam um lugar muito grande na nossa memória, como as coisas que nos marcaram, pela positiva ou pela negativa. Ele marcou-me das duas maneiras, ele deixou-me um grande brilho nos olhos e também uma grande cicatriz, mas é bom lembrá-la, pois é ela que compõe o que escrevo.
E pouco mais tenho a dizer... Não estou a voltar para trás, estou apenas a divagar e a afastar-me da razão, e tudo isto resulta numa azáfama de palavras que deixei escritas nesta página.

14 de maio de 2012

Independência

É triste chegar a uma casa vazia, é triste cozinhar só para mim, é triste contar apenas comigo para ir para a escola. No entanto também não pretendo com este texto chamar a atenção, é apenas um desabafo como tantos outros. Sinto-me livre e independente, e isso assusta-me por não estar pronta para essa independência. Não tenho vontade de ir para casa, a escola passou a ser a minha única casa. Não quero partir, mas tenho de o fazer, e no meio disto tudo o que mais me assusta é a chegada do verão. São todas as horas que prevejo a delirar no meu leito, sozinha com tantos outros dias pela frente. A solidão assusta-me, é definitivamente o meu maior receio.
E agora cá estou eu diante do meu computador procurando a companhia de muitos outros que não a procuram pois têm uma casa cheia à espera deles. Cá estou eu a evitar os delírios que inevitavelmente virão. Tento distrair-me, vejo um filme, descarrego séries, procuro o cansaço para poder dormir e acordar numa bela manhã de maio. Como dizem, amanhã é um novo dia, e o amanhã é tudo o que tenho. Não quero o presente, não me serve de nada, nem inspiração tenho para escrever, só quero viver, e a vida está no amanhã.
É a esperança pelo amanhã que me faz sorrir e que me da forças para acordar. A rotina que tenho é preciosa e preservo-a cuidadosamente. Podem achar que sou louca por gostar de estar na escola, eu digo que na vossa situação também não gostaria, mas os casos são diferente e por muito que com este texto me esteja a  diferenciar de todos vós, digo-vos que há muitos como eu, sozinhos e entregues a eles mesmos.
Há muito que me libertei dos olhares do outros por achar que isso traria mais confiança, e trouxe, mas hoje ao deparar-me mais uma vez com a solidão apercebo-me de que os outros são tudo o que me resta. Não seria nada sem eles, pois são eles que testemunham tudo o que sou e são eles que cuidam do meu mal: a solidão.
Deixaram-me sozinha, deram-me a independência que todos os adolescentes desejam, mas nenhum deles sabe que não está pronto para a receber, pois todos os adolescentes dependem de algo, seja de amigos, de olhares alheios ou de alguém que os ampare e que os guie. Eu sou apenas mais um caso de uma adolescente que deparada com a sua maior idealização de felicidade, se apercebe que as coisas não são tão coloridas como imaginava, e vêm então as lágrimas e a mágoa.

8 de maio de 2012

Preguiça

E aqui vem a preguiça, a desesperança, a melancolia. Porque é que o optimismo não durou mais tempo? Estou agarrada a esta cama, estou a criar raízes e a fechar lentamente os olhos. A seguir à minha viagem a Barcelona achei que o sono tinha passado para segundo plano mas um vicio antigo é difícil de apagar. Estou simplesmente apática, estou cansada, o meu corpo contagiou a minha mente e aqui estou eu prestes a adormecer na véspera de um exame para o qual não estudei nada. Arrastei o estudo até hoje, achei que teria tempo, mas o tempo voou, como tem feito ultimamente... Acumulei demasiadas coisas e soube-me desfazer de todas menos de esta, criei uma barreira e uma certa arrogância que me deu a crer que conseguiria sem estudar, e a ideia ficou inconscientemente na minha cabeça pois dei prioridades às coisas erradas. Foi o tempo, fui eu, foram todos os obstáculos que a vida pôs à minha frente.
Escrevo este texto, escrevo-o sem o reler, escrevo-o sem pensar. E escrevo-o em vez de estudar, e da-me sono, e entedia-me ter de escrevê-lo. Mas escrevo-o, escrevo-o por precisar, por sentir que tudo é melhor que o estudo e por me fazer sentir activa e achar que estou a avançar, que estou a ser útil, que estou a treinar e pode ser que com este texto receba mais comentários, mais visitantes, mais banalidades que me fazem sentir melhor e esquecer que amanhã ao meio dia tenho um exame.

6 de maio de 2012

Positivismo

É engraçado como numa manhã em que sou expulsa da minha cama, em que está a chover, em que me sinto doente e talvez ressacada, tudo se altera e a felicidade abraça-me.
Eu não previ nada disto mas como por magia aconteceu, o meu sono transformou-se em motivação, o sol voltou a brilhar num céu azul, o ar ficou mais leve, tudo me inspira, nada me pára!
Acordei com a tristeza de uma despedida, e aqui estou eu a relembrar a concretização de um desejo, foi só o primeiro em que reparei. Depois olhei para a minha vida, e foi aí que o sorriso se formou. Sinto-me imbativel, sinto que atingi tudo o que queria com trabalho mas acima de tudo, movida pelo desejo! De uma pessoa frágil, carecida de afecto, passei a alguém confiante mas simultaneamente humilde. Exteriormente era um rapaz, com mente de raparigada ansiosa por se soltar. E de repente, aqui estou eu! Estou onde sempre quis e parecem-me completamente absurdas as minhas tristezas anteriores. Sou quem sou! Tudo o que quis tenho (quase tudo, mas o resto está para vir), a vida deu imensas voltas, dou me hoje com pessoas que nunca imaginei, tive namorados que nunca pensei que teria! Vivo numa casa onde as pessoas pagam para ficar! E à frente está quase exclusivamente para mim um passeio marítimo onde as pessoas vão ao fim de semana, tenho a praia também, tenho a possibilidade incrível de poder tomar um banho no mar às nove da noite numa noite de agosto! Tenho família, tenho um objectivo, tenho saúde, tenho tudo.
Ignorei tantas vezes isto tudo e até hoje sentia-me limitada, presa às barreiras da vida, mas hoje tudo é possível! Está tudo mais perto, está tudo mais leve, está tudo mais brilhante. Agora sim, sei que posso ir onde quiser, posso ter o que desejar! Sinto-me imbatível, respiro confiança, respiro liberdade!

5 de maio de 2012

Vida

As palavras aproveitam-se da confusão para fugirem, e hoje deparo-me diante desta página branca sem saber onde quero chegar, e sem saber o que ilustrar. Há conjuntos de pensamentos que me atormentam e me preenchem a mente. Há tanto na minha cabeça mas as palavras são poucas.
As distracções apagam os delírios, os horários e as agendas desviam a minha mente para um caminho fácil, rápido, mas superficial. Tenho medo de segui-lo, pois das vezes que o fiz, cheguei a um momento em que não havia mais nada. Era um fim, e era o inicio da mágoa mais genuína que conheço. É o momento em que me apercebo que fui apática e que andei a seguir o rebanho e não olhei para a vida.
Ainda ontem era Setembro...e já amanhã virá o verão. É irónico pois este ano tentei agarrar cada dia como se fosse o ultimo na esperança de guardar mais memórias e mais armas para combater a solidão e a nostalgia que virá a seguir. A nostalgia virá, é inevitável, mas neste verão, ela virá desarmada face a um escudo de recordações, escudo esse que trará alguma tristeza e alguma fome pelo que é físico. Para quê pensar num futuro vazio quando o presente está cheio? Suponho que seja só uma maneira de atenuar a dor, prevendo todos os antídotos possíveis e imagináveis. Mas a minha cura está em Setembro, sou demasiado teimosa e orgulhosa para admitir que o verão é um bom momento. É um bom momento, mas é um poço de tristeza e de solidão. É o momento em que mais delírios me visitam e me enriquecem. Eles magoam-me mas não mais do que me fortalecem. Porque a tristeza da-me força, da-me motivação, faz-me acreditar que estou viva, faz-me pensar que estou a andar para a frente. Nunca é demais pensar, nunca é demais estudar todos os cantos da nossa mente, antes de percebermos os outros temos de percebermos-nos a nós mesmos. É a chave para o sucesso, pois ninguém está sozinho, existem em todos os mesmos sentimentos e os mesmos comportamentos, são é traduzidos de diferentes maneiras. Cabe-nos a nós de a escolher, cabe-nos a nós de os captar quando se reproduzem à nossa frente.
A vida é isto, é um processo de auto-conhecimento e de auto-criação. É saber o que somos para podermos ser melhores. É saber exactamente onde ir e o que fazer, é aperfeiçoarmos-nos para depois aperfeiçoarmos os outros.