29 de agosto de 2012

E finalmente a felicidade

A minha vida deu uma volta incrível nesta ultima semana, tudo o que achei impossível vi passar ao meu lado e consegui agarra-lo. De repente tudo o que pedi, tive. Tudo. Agora, se são leitores assíduos deste blog, adivinhem o que aconteceu...
Não acho prudente fazer esse relato, primeiro porque é cedo demais para divulgar a minha felicidade, depois porque se calhar é tarde demais para poder descrever a felicidade que vivo por já ser, há uma semana, um hábito. Hoje não vejo a felicidade, porém hoje sei que existe.
Passei anos da minha vida a lamentar-me, a culpar-me, a tentar apagar, esquecer, recuperar ou afastar e quando finalmente arranjei motivação para o fazer, algo fez com que ele mudasse de opinião e quisesse estar comigo. E eu pensei "já fiz tudo para que este dia chegasse e afinal tudo o que tinha de fazer era esperar?". Andamos sempre às voltas e raramente nos encontramos, o meu caso é diferente, só me apetecia ignorar e continuar a andar para compensar todos os anos que passei a correr atrás dele, mas no entanto senti que era a oportunidade de uma vida, que se não fosse nesse momento, não seria nunca. E não me apetecia deitar dois anos e meio ao lixo só para satisfazer o meu orgulho, então deixei-me levar sabendo que não poderia esgotar todos os meus trunfos de uma só vez. O balanço foi positivo visto que o episódio se repetiu todas as outras vezes, e hoje sinto-me segura, acho impossível que ele não me deseje, acho que o balanço criado fez um conjunto muito positivo, pois não há nada a censurar, não estamos juntos mas sentimos-nos juntos.
Esta ultima semana fez-me perceber que em dois anos e meio ele cresceu muito e que eu fiquei presa àquele menino sem barba que há muito que não existia e se hoje existisse, não seria mais desejado. E de repente deparo-me com uma pessoa nova com algumas semelhanças, com quem partilho uma história e uma cultura e, por consequente, a quem tenho sempre algo a dizer.
Estou tão bem e forço-me a escrever estas linhas para avaliar a minha escrita estando "tão bem" de humor, até agora está muito fraco sabendo que tenho muitas distracções na minha cabeça e milhares de tarefas a efectuar, escrevo-as sem reler, escrevo-as para deixar algo escrito, descrevo o que aconteceu sem que o diga exactamente e esqueço-me de descrever o que sinto, talvez porque é mais seguro não o fazer, ou talvez por não saber se é isso que sinto. Mas estou muito feliz e quero continuar assim mesmo que com a felicidade só sejam escritos textos tão pouco interessantes como este.

15 de agosto de 2012

Ter

Mais vale ter ou não ter?
Mais vale ter só por ter ou apenas não ter?
Mais vale ter sabendo que ao ter me trará mais coisas para dizer?

Ou será que não tendo terei mais espaço e mais vulnerabilidade para ter não só por ter?
Será que o que tenho já passou o prazo de validade, então tendo só vou adoecer?
Será que não tendo abre-se uma porta para o que quero ter?
E será que tendo estarei feliz só por ter?

Ou será que o que quero ter, feliz não me vai fazer?
Ou será que não tendo poderei ter o que nunca pude ter?
Ter ou não ter, eis a questão...

9 de agosto de 2012

.


Sempre pensei que a mágoa me fosse trazer inspiração, e que o trauma só alimentaria as minhas palavras, e sempre procurei um trauma sem saber que me perseguiria diariamente e me assombraria com tanta intensidade. Acabou por vir, o trauma hoje existe em mim, vive comigo há uns dias e lamento tê-lo chamado. Ele agarra-se à minha mente com os seus tentáculos e destrói qualquer tentativa de abstracção. Só penso nele, vejo e revejo aquela imagem na minha mente vezes sem conta, aquele sussurrar, as expressões e eu imóvel e apática pensando que não estaria a acontecer. As imagens são poucas, as sensações fugiram, guardo apenas um momento que se confunde com um pesadelo. Tive muitos destes sonhos e quando aconteceu não soube distinguir da realidade. Foi fugaz demais para que houvesse espaço para reflexões, foi fugaz demais para que houvesse medo e no meio de tanta fugacidade só houve tempo para um reflexo tardio, para algo que impedisse o que se sucedia.
Ainda hoje me questiono acerca desse momento, ainda hoje pergunto a mim mesma se aconteceu, se é real, se devo estar como estou. Esmiucei a minha memória, procurei organizar tudo cronologicamente, procurei o momento em que perdi a noção das coisas, o momento em que tudo se transformou num pesadelo, um pesadelo real.
Escrevo estas linhas porque vivi, escrevo-as pensando que preferia não tê-las escrito, pensando que preferia não ter sentido, que preferia não saber e que preferia não ter escolhido este modo de vida. E de repente questiono-me acerca da minha escolha, acerca do meu futuro, acerca do que me espera, e acerca do que procurei. Penso que foi um erro, que nenhum título justifica o que eu sinto, que nenhum reconhecimento pode sequer apagar a dor que carrego, que nenhum sonho se alimenta de tal pesadelo.