25 de janeiro de 2016

Il est tard, ma belle, pour qu’on aille au parc au fond de la rue. Tu sais que ce soir je fus très surprise de te retrouver assise sur le pavé de ma rue, je te pensais très loin d’ici, quelque part où tu puisses renaitre sous différentes formes, loin de mon regard qui te rappelle d’où tu viens.

Je n’ai jamais cru que tu reviendrais frapper à ma porte, je pense que tu comprends, ma belle, que ces derniers mois furent très sombres, mais qu’à travers  les brumes je me suis retrouvée. Rien ne me parait aléatoire, et je ne suis point, comme je pensais, victime des évènements. Ma vie aujourd’hui m’appartient, parce qu’aujourd’hui je détiens la vérité de mon expérience, je sais d’où je viens, et où je me suis perdue.  Je pense que t’as eu un rôle très important, en m’apprenant les mécanismes pour accéder à une réalité objective et claire. Je ne sais point comment te remercier de tous les soirs où, près de mon lit, tu as essayé de me calmer, de faire taire cette voix qui me disait qu’il n’avait rien à faire, que mon destin était tracé, que mon enfance avait conditionné ma vie à jamais. Que puis-je faire pour toi ? Je ne veux point que tu rentres chez moi, j’ai peur de le réveiller, j’ai peur qu’il te fasse du mal à nouveau, qu’il reprenne ma place pour te détruire.

Il est tard, ma belle, vas-y, prends ton chemin, je te regarderais de ma fenêtre, je serai toujours derrière toi pour cacher tes empreintes, je battrai celui qui vit en moi, pour qu’un jour tu puisses rentrer et t’endormir.


N’ai pas peur, tout ira bien…

9 de janeiro de 2016

Quando de mim é retirada toda esta ansiedade, este medo, esta gravidade que me tira de casa e me leva a correr atrás delas, deles, pelo chão à chuva, desesperante, ofegante - Quem sou eu? Aquilo que julgava que me definia não é se não ansiedade, algo de nefasto em mim que tenho procurado afastar. Porque é que é tão difícil abandonar a infelicidade? O que é há nela de tão aliciante?
Houve uma altura em que julgava ter encontrado o meu papel, cultivava a dor e dela colhia palavras que me davam a impressão de estar viva, de estar a deixar alguma coisa, e hoje, a anos luz daquela Leonor, tudo me parece pequeno. Era apenas medo da solidão, necessidade de preencher algo com o qual nunca antes tinha sido confrontada. O que é que me resta? Livre de impulsos nefastos, estarei finalmente ao nível deles, capaz de tomar as rédeas da minha vida, mas para onde ir? O que fazer com ela? Sem mim já não sei quem sou...
O que é que me difere deles? O que é que me torna apelativa aos teus olhos? Não, não vejo nada... Sinto que me faltam peças, que sou uma incapaz, auto-destrutiva, que me estou a (re)construir, mas em que direcção? Depois disto, não haverá mais desculpas, depois disto nunca mais ter como único propósito o de cantá-las.
Mostraste-me tanta coisa, fizeste-me perceber que aquilo que cultivava era tóxico, que aquele motor era demasiado poluente. Já não sou poeta, olho para trás e as palavras que aqui deixei parecem-me isentas de sentido, imaturas, recheadas de confusões...
Se o que me distinguia era aquilo que me destruía, se isso não era se não fruto de coisas mal resolvidas, de circunstâncias que se depararam no meu caminho, e se a tua chegada iluminou a minha existência, então o que raio é que eu controlo?
Ai (suspiro), como hoje as palavras do Sartre me parecem tão descabidas, como tenho vergonha da azáfama que durante tanto tempo andei a pregar...
Foda-se...
Agora lavada, penteada e perfumada parece que já não me vês, esgotaste talvez as forças e sobretudo o tempo para reparar em mim, parece que estás sempre à espera que o meu disfarce caia e que volte toda a agressividade que o medo de te ver partir me causa.
Se nem sou capaz de te espelhar aquilo que de bom me trouxeste... Quem me dera que depois de ti chegasses tu...