20 de outubro de 2014

A impossibilidade de uma vida eterna a seu lado fora a possibilidade de muitas outras coisas. Demorei muito tempo a chegar onde estou, a um contentamento excessivo em estar só, em ser eu sozinha, tomando esse celibato quase como um bem maior. Eu e elas à distância, bem longe, de maneira a nunca as poder tocar, a serem apenas referências, troféus que existem para enriquecerem o meu eu, espelhos da fome que tenho do infinito. Nunca mais perder-me em alguém, nunca mais algo que me anule, que me apague, nunca mais querer matar a fome com algo que não sacia, com algo que se limita a fazer-me perdurar numa existência sem esplendor. Não Leonor, não creias mais naquelas mãos, se um dia te cobriram de carinho, se nelas outrora quiseste deixar um anel, hoje servem para agarrarem o punhal que tantas vezes sentes a perfurar cada membro do teu corpo. Não Leonor, não. Olha para o teu lado, olha como te dói o maxilar. Tens tudo, é a primeira vez que não te sentes tão só e te sentes tão tu.

Obrigada por andarem ao meu lado.