27 de setembro de 2010

Pessoa do Momento

Não, não está tudo bem, obrigada por perguntares porque de facto já precisava de falar. Vou te explicar a ti, pois aos meus cadernos eu estou farta de me queixar com inúmeros textos durante as aulas. Não te tenho dito nada pois sinto alguma insegurança em relação a ti. Tu expões demasiado a minha vida e não sei a que ponto és seguro. Mas por enquanto, confio em ti por seres tu, por seres o indefinido..
Preciso da pessoa, preciso daquela pessoa. Da pessoa em que eu penso, da pessoa pela qual eu luto, a pessoa que eu admiro, a pessoa que eu desejo, a pessoa que deixou de existir, a Pessoa do Momento como eu lhe chamo. No fundo sou uma lutadora, a minha vida é uma luta constante que consiste em de uma certa forma "conquistar" as pessoas pelas quais eu quero ser rodeada. Não as escolho a dedo. Vão aparecendo aos poucos e instantaneamente percebo que é a Pessoa. Neste caso, não aparece há algum tempo e isso faz me olhar para trás e lembrar me das Pessoas do Momento com as quais deixei de falar, por ter descoberto um grande nada nessas mesmas. Foi uma coisa natural, o tempo foi passando e deixamos aos poucos de mostrar interesse. E o mal é sempre o de querermos descobrir tudo numa pessoa, acabando com a curiosidade e com o espírito da descoberta. Porque às vezes sinto um cheiro que me lembra o passado, e um enorme arrepio seguido de uma boa sensação percorre o meu espírito. Esse momento traz me saudade e transporta algumas recordações. Já esqueci tantas pessoas do momento, não no sentido próprio do esquecimento, mas de certa forma, deixei de mostrar tanto interesse e passei a desprezar essas mesmas. Não vou citar nomes porque nem eu quero fazê-lo por não querer de todo definir numericamente a quantidade. Mas lá no fundo tenho saudades, não das pessoas em concreto, mas "desses tempos". Lá está mais uma vez o passado a ser glorificado. Perdi tanta gente por entre o tempo, que agora tenho mais atenção ao que passa. Não vou deixar mais ninguém para trás. Vou tentar pensar no presente, sempre. Vou ligar mais aos detalhes do que ao geral. Porque aparentemente, só os detalhes é que podem decidir tudo.
Continuo à espera da Pessoa do Momento por precisar de me agarrar firmemente a alguém. Percebes Indefinido?

13 de setembro de 2010

Nem 1 mês passou..

Penso em ti. Acabo de decidir que amanhã vou de comboio para a escola. E sinto a tua falta. Apanha amanhã o comboio às 6h53 em Paço de arcos que eu estarei à espera do mesmo comboio as 6h55 em Caxias. Depois lá seguimos para Alcântara, apanhamos o 12 e espera-nos um café no Serra. Eu sei que ainda não está frio em Lisboa, mas tenho recordações dessas manhãs serem geladas. Muito Ventil logo de manhã e muita conversa estúpida. Aparecia logo o pessoal todo, e começávamos os dias a sorrir. Lembro-me tão bem do frio..
Eu não quero continuar, eu não quero de todo realizar que já não estás aqui. Eu quero acreditar que quando amanhã apanhar o comboio te vou ver sentada na segunda carruagem com a Linda (que te manda um beijinho e diz estar muito preocupada contigo).. 
Não consigo parar de ver uma imagem tua numa rua estreita de Brighton, com um casaco preto, a chover, com o cachecol branco, com o cabelo apanhado, com a tua farda por baixo, com o teu cigarro (não ventil), e sozinha. Não paro de te ver sozinha.

Ainda não passou um mês desde que o teu barco abandonou o cais mas espero que quando voltar, que seja para sempre.

3 de setembro de 2010

O passado e o futuro numa ligação constante.

Passaram mais de 6 meses e ainda continuo com as mesmas perguntas, com as mesmas indignações, com as mesmas incertezas, com os mesmos argumentos, com a mesma ferida. Eu continuo a querer falar sobre isto, eu continuo a não perceber. E eu quero perceber, eu preciso de perceber. Porque cada vez que ouço falar em "Alemanha/Alemão" cai me tudo em cima.. E eu não aguento, porque foi uma coisa que me marcou brutalmente. Mais do que qualquer outra situação. E ninguém imagina a dor que eu senti naquela altura, e essencialmente, a raiva. Ainda sinto raiva, frustração. Porque cada vez que eu tento simplesmente esquecer, acontece qualquer coisa que me faz recair naquele buraco. Esta historia toda vai me acompanhar por muito tempo. E todas as caras, as memórias, nada disso será esquecido. E trago muita raiva e rancor comigo. Gostava de ser ouvida, gostava de ouvir. Mas infelizmente as pessoas são egoístas, não vivem para os outros. Afinal de contas, isto de não ir à Alemanha fez me crescer. Porque é o sofrimento que nos faz crescer. Eu não quero insistir nisto, mas foram dias, noites a chorar, a gritar, a partir coisas. Eu estive sozinha. Foi terrível, era inverno, não estava a chover, mas estava frio. O sol batia, e foi logo no principio da aula de português. Era segunda feira, entre as 14h e as 15h. Dois dias antes da partida...dois dias...e eu estava de consciência tranquila. Não percebi o que se passava. Chorei tanto. Devia ter chorado mais. Houve um momento em que pensei em atirar me para o chão. E esta brincadeira alastrou se até hoje. Porque ainda hoje eu choro quando me dizem que o meu futuro vai ter de passar pelo alemão. Eu tenho medo. Tenho medo de lágrimas, tenho medo da minha raiva, tenho medo de todas as aulas em que não ouvia, em que escrevia. Pois eu escrevi textos e textos sobre isto. E tudo em vão...pois continuo com tudo dentro de mim.