28 de setembro de 2016

Com a consciência de que luto contra a adversária mais tenebrosa, a menos imparcial, uma que é capaz de descobrir a ferida mais refundida e a que mais arde. Eu sou a minha pior inimiga, sigo pelas ruas a armadilhar o meu ego, a fechar conclusões negativas, a sabotar qualquer possibilidade de sucesso... Como encontrar uma luz em mim que não cesse de brilhar?
Passo meses a tentar construir algo de sólido, cimentar a ideia de que existe luz em mim, criando laços, aprendendo a olhar para o que sou, a aceitar-me, a perceber quem quero ser, a semear memórias, a gerar amor e bem estar, a zelar sempre pelo bem comum, para no fim, chegar a uma qualquer noite em que as coisas não correram como queria (porque é sempre de noite que o mundo desaparece) e todo esse constructo se transformar em pó, não haver nada que me ligue ao exterior, estar apenas confrontada com a mesma dor, com a mesma sensação de submersão, de estar isolada, de sentir que não estou melhor, que de nada avancei, que ando em círculos, no mesmo sitio, a iludir-me com a ideia de que tenho por mim apreço...