1 de maio de 2018

Sobre o amor e a relação que se estabelece...

São borboletas sociais, altamente reconhecidas no circulo. Seres sensuais, expansivos e mestres das palavras. Quando o encontro surge, elas reconhecem a minha arrogância inicial e são atraídas até mim. São me dadas horas para as sonhar e começar a desvendar a sua existência. Munida de algumas suposições, começo a trazer algum reconhecimento àquilo que é a sua essência, as suas fraquezas, dando-lhes apoio e levando-as para mais perto delas. Elas encontram através de mim o seu lado mais sensível, sentindo logo que podem confiar em mim. Identificam de imediato a minha constância e vontade de caminhar ao lado delas. De volta me dão os seus dias e alguns afectos. Todavia, quando afirmo as minhas vontades e me torno alguém que também precisa de algo, é quando me travam e revelam o seu lado mais autoritário. Segue-se toda uma manipulação que me faz crer que não lhes posso "cobrar", que sou "dramática", que tenho de continuar no meu lugar e não pedir nada. Como sou dona de mim e rápido percebi que tinha de ser eu a semear o meu próprio amor, não contei nunca com o delas, e dei-lhes por inteiro o meu, sem precisar de um retorno para me sentir bem. Afinal elas só me queriam para as horas boas e de nada lhes interessa fazer cedências... Eu sei... Mas eu precisava... Tanto tempo que andei a pregar que o amor verdadeiro não estava na relação que se estabelecia, mas na apreciação do objecto independentemente do que me fazia sentir. E eu via contornos celestiais, e dedicava-me à existência daquele ser, e tudo o que ia apreendendo só completava mais o puzzle, e tudo me parecia tão lógico, tão real. Tantas noites que passei a pensar na existência delas, tantas noites que tentei descobrir uma cura para a doença que elas tinham, essa sede de inconstância, de pessoas que não lhes fariam bem. E aparece sempre uma qualquer que tresanda a perigo e me leva a reforçar a minha atenção, a estar atenta para não a deixar destruir o trabalho que eu fui fazendo dentro delas. Eu sou a dramática... eu que ainda as ajudo a amar outras... 

Finalmente descobri a maneira como mereço ser tratada, foi através de um sonho que senti no corpo o calor que procurava. O objecto, fora de mim, pode ser extraordinário, mas se ele não me fizer sentir bem, então não merece que tanto esforço lhe dedique. Posso tê-lo perto na mesma, mas não com a mesma atenção... Gostei muito de entrar na existência de tantas pessoas fantásticas, mas parece-me certo não mais o fazer sem nada receber em troca... 

Não eram elas que era gigantes, era eu que me ajoelhava e ia cuidando do pedestal.