25 de outubro de 2013

Définition

On ne partage pas la même définition, en réalité, personne ne la partage avec nous. Et on passe toute notre existence en quête de quelque chose qui ne viendra pas, une utopie à laquelle on croit pouvoir accéder, un être avec qui partager une simple définition. Mais on oubli souvent qu’on vit parmi les mortels, ceux qui, comme nous, ne sont pas faits à l’image de Dieu. Et c’est ainsi, que dans les alinéas on trouve des conflits. Moi je t’aime, je ne suis plus « apaixonada » comme on dit en portugais, mais je suis carrément amoureuse de toi. Mon cœur ne bat plus comme avant, je ne passe plus de nuits blanches à te dépeindre dans mon âme. Simplement, tu es là, comme une ombre, tu m’accompagnes pendant toute la journée, je ne te regarde pas souvent, mais quand vient le soir, et l’ombre disparait, c’est toi que je cherche, parce que c’est à tes côtés que je veux reposer. Chaque nuit c’est en toi que je trouve le confort, et c’est pour toi que je vis ma routine, sans plaintes. Car tu es là quand la nuit tombe, et c’est le seul moment qui m’appartient entièrement, un moment de liberté totale, celle d’être exactement où j’ai envie d’être.
Cendres, poussière, c’est tout. Le beau ne tardera pas à s’évaporer. Je t’aime, et quand je pense que toi, que nous, se ne sera qu’un petit paragraphe perdu dans un gros roman, je respire, et j’hésite à t’aimer comme je t’aime, comme on aime la vie…  

13 de outubro de 2013

Sede

Ainsi nous ne vivons jamais, mais nous espérons de vivre ; et, nous disposant toujours à être heureux, il est inévitable que nous ne le soyons jamais. Pascal

Invejo todos só por não serem eu. E eu, o que sou? Já não sei, afoguei-me em amor e esqueci-me de me projectar no futuro. Tinha tanta fome dele, delas, e dos outros que fiz dessa fome a minha única razão de viver. Porém, tão rápido quanto chegaram, partiram, e o Tudo revelou-se frágil, pois o vazio deixado fora sempre preenchido por outra pessoa, por um Deus maior.
O tempo e importância que consagro a esta vertente da minha vida é deveras alarmante, julgo ver sempre na pessoa em questão a única cura para o meu mal, quando na verdade, é apenas mais uma doença que vem para me prender nesta espiral de tristeza sem fim. Desesperança. É o que sinto face à vida. Desesperança. Sou diferente deles, como sempre quis ser, mas será esta a maneira certa de viver a vida? Na verdade, há mais de quatro anos que me afogo em amor, e durante esse período, vários seres desfilaram, todos eles com traços divinos, e a cada um que passava, com ele a certeza de que nascera para o encontrar. E agarrava-me como em tempos de guerra se agarram a um prato de sopa, e o meu olhar tresandava a loucura, e tudo em mim crescia, as pulsões acordavam, e tudo ardia. Um verdadeiro orgasmo emocional, que preenchia páginas e páginas de livros que nunca escrevi, e que ansiava um dia atingir o ideal que aquele ser trazia. Mas o ideal vivia na minha cabeça, tanto antes de me deparar com qualquer um desses seres, e nunca esse ideal se adaptou a nenhuma história, pois o fim chegou, e com ele a certeza da impossibilidade de uma vida a dois. Frágil, como tudo na vida. E esta angústia cada vez mais presente no meu ser. Para onde vou...? Vivo o presente, como todos eles não vivem, aqueles que levam o dia à dia em busca de algo que nunca virá, que confundem os objectivos, que passam a fazer da carreira um fim a atingir, e não um meio para ser feliz. Eu não, nunca quero trabalhar para ninguém. Trabalhar para um dia poder deixar de o fazer? Quando lá chegar já serei velha e débil, e toda a minha vida terá sido consagrada a algo que se limitou a roubar-me horas, horas de felicidade suprema, de orgias de meia noite, de banquetes de luxuria, de gritos estridentes, de todo aquele sentir que me da asas para ver o mundo de cima e me leva a acreditar que um dia poderei dominá-lo.
Esta sede de sentir, acabará um dia por me destruir...

Ce que les hommes nomment amour est bien petit, bien restreint et bien faible, comparé à cette ineffable orgie, à cette sainte prostitution de l'âme qui se donne tout entière, poésie et charité, à l'imprévu qui se montre, à l'inconnu qui passe. Charles Baudelaire 


1 de outubro de 2013

Na escuridão qualquer luz é um sol

Pedir-te o mundo seria egoísta, porque a tua condição humana não o permite. Esqueci-me de olhar para ti de frente, e comecei a olhar para cima. Porém, não foste tu quem cresceu, fui apenas eu que me ajoelhei. Fiz-me pequena face a ti, e ninguém gosta de coisas pequenas e submissas, todos preferem contemplar o céu. Hoje estou consciente da minha inconsciência, volto a perceber que me sabotei a mim própria, volto a ver em mim algo que julgara tem apagado; um enorme masoquismo.
Mas hoje levanto-me, levanto-me porque trago comigo uma grande mala de recordações, que escreveram livros e lições. E entre as linhas das minhas memórias, encontro uma que esquecera com o tempo. A memória data de há menos de um ano, num período em que todas as luzes se tinham apagado, em que a desesperança vivia em mim, e que todo o meu mundo se baseava à volta de um só ser. Julgava ver nesse ser a esperança, julgava que seria a única coisa que me traria a felicidade, e achava que não haveria nada mais a seguir. No entanto, os meses passaram e o seu nome foi-se apagando, apagando sem se apagar completamente, porquanto somos todos o nosso passado, e aquele nome ficará inevitavelmente ligado a mim. Contudo, permanece apenas um nome, que deixou de ecoar na minha cabeça. Do céu desceu à terra, e vive hoje entre nós como um simples mortal.
É então, ao relembrar-me da sede que senti, que me levanto subitamente do chão em busca daquilo que ainda está para vir. O pranto, a desesperança, são apenas sentimentos nefastos que nos colam ao chão, imóveis, que nos tiram força e motivação, que privilegiam a passagem do tempo, criando um problema que é apenas acessório, mas que nos distrai do verdadeiro problema, aquele que tem de ser resolvido. Não é o fim, nunca será o fim, haverá sempre mais, haverá sempre melhor, a primavera acaba sempre por chegar, e com ela o sol, e com ela a felicidade.
Aqui vou eu.