12 de maio de 2017

Doutora, tenho andado às voltas com pena daqueles que cometem erros e cujos mesmos não são se não fruto da vida que os formou. Tenho andado às voltas a pensar que raio é que eu controlo, e quando é que também eu vou parar de os cometer. Quando, e quem, me dará a felicidade de colher ferramentas para o fazer? Afinal de contas não seremos apenas seres passivos à espera da mudança, à espera de crescer e de colher do que nos rodeia, qualquer coisa para sairmos mais fortes, para aprendermos a viver. Se o livre arbítrio não existir, tenho a sorte de saber que, mesmo que não exista, existe a impressão de estar a fazer uma escolha, mesmo quando a mesma não é se não fruto daquilo que com o nosso ser se deparou. Acho que isso chega doutora. Não preciso de entender tudo, mas tenho alguma pressa de me desfazer de certas gravidades que só me empatam e adiam o momento em que me sentirei mais realizada, mais feliz de ser quem sou. Das palavras aos actos, e sobretudo aos sentimentos, vão um trilião de dias até que os mesmos sejam cimentados. Eu não tenho triliões de dias para gastar com coisas tão fáceis de entender. Entender, perceber, tudo afim de termos mais livre arbítrio, não é doutora? Mas afinal, que raio controlamos?

Tenho pressa mas creio que a corrida não é minha, a corrida é da vida que vai acontecendo todos os dias.