11 de julho de 2015

Para onde foram eles? Porque é que eu também me fui embora, eu que tinha prometido ficar aqui para os juntar, para os relembrar de onde viemos? Dois anos depois e cada um foi para seu lado, mas porque é que aqueles quinze anos não chegam para nos juntar? Quem me dera poder viver mais um dia naquele passado que tão dificilmente recordo, que me aparece como um quadro, estático, colorido, preso num tempo que já não é o nosso. Vejo-os através de uma janela que eles abrem para o mundo, construindo o cenário que desejam pintar, e vamos tendo noticias, e vamos comentando as vidas deles, longe das nossas, e de repente vem-nos um nome à cabeça "lembram-se da....?", como é que tão rápido esquecemos aqueles que durante tanto tempo ritmaram os nossos dias? 
Já não vou ao sitio onde tudo aconteceu, já não sinto que esse lugar exista realmente, já nada me liga às pessoas que lá ficaram, estou tão distante da Leonor que lá deixei, que quando apareço percebo que não é deles que tenho saudades, mas daquela que lá ficou, cheia de sonhos e projectos, de vontade e de esperança. Não sei se foste tu que cobriste o meu olhar de névoa, se foi simplesmente a minha incapacidade de encontrar um caminho que se adequasse... Não sou menos capaz do que eles. Lisboa está gasta e eu também me vou gastando com ela. Não Leonor, isto não é tudo. A cada dia que passa a acentuação de algo nefasto em mim, a preguiça, a desesperança, a sensação de que não há nada de novo, ninguém que mereça o esforço... Todavia tem de haver mais música algures, outro Saez, outro sitio onde eu possa existir, onde eu me possa reinventar, atirar para bem longe de mim esta náusea constante pela humanidade.