30 de maio de 2013

T

Tenho medo do tempo,
Porque tudo acaba,
Porque tudo é triste,
Porque sem o vermos passa,
Porque pouco fica,
Porque é irreversível,
Porque não pára,
Porque envelhece as pessoas,
Porque dispersa tudo,

Porque é um cabrão filho da puta que só nos fode.



22 de maio de 2013

Sombra

Quem sou eu,
Se não a sombra daquilo que penso ser,
Uma fonte de egotismo sem espelho,
Uma migalha daquilo que fora,
Antes de ti...

Passei tanto tempo mergulhada em mim,
Vendo-te através da turva água,
Imóvel diante da piscina.
Guardo uma imagem desfocada,
De um ser inatingível...

E eu impotente dentro de água,
Asfixiando em incertezas,
Usando o pouco oxigénio para gritar,
Para te chamar. Mas em vão,
Estavas muito longe, ainda que te visse...

Não olhaste para mim;
Eu era apenas uma mancha preta,
Num fundo azul,
Uma alma presa num corpo já morto,
Sem forma, sem esperança, sem nada...

21 de maio de 2013

Smile 2011

Recordando um momento muito feliz

18 de maio de 2013

Recordação desfocada

Queria ter sido mais, queria ter dado tudo, queria ter ido mais longe. Tenho saudades de quando era estranho, quando a loucura residia em mim e me dava energia. Vivia a mil à hora, e estava omnipresente. Tinha forças para tudo; era grande o suficiente para alcançar o infinito. Hoje sou pequena, falhei em tudo, e infelizmente, jamais poderei corrigir o erro que fiz. Errei sem errar, pois voltaria a fazer o mesmo, pois era legitimo fazê-lo, e era até, quase inevitável. Achei-me maior do que era, e achei que a minha pequenez chegava para te fazer avançar. Mas tu ficaste imóvel diante de mim, e tu fugiste sem que eu te pudesse tocar.
Volto a reler páginas perdidas num tempo bem distante, um tempo em que já não vivo, um tempo de alguém que já não sou. Mudaste a minha vida despertando uma imensa vontade. Arfei com a corrida, e fiquei com os joelhos em sangue de tanto raspar no chão. Ardi em febre de tanto pensar em ti, constipei-me de tanto te procurar sob a chuva. Foste a medida do meu tempo, e sem o ver, esgotaste-o. A areia caiu sem que a visse, e quando acordei, já não estavas cá. O amor fez de mim louca, prostitui-me por ti, e não pedi dinheiro em troca, pedi bem mais, pedi-te a ti. E tu nunca te deste...
Quem foi que viveu neste corpo? Quem foi aquela que passou dias a fio procurando os teus olhos, desenhando mil e um tipo de olhos a fim de encontrar os teus? Estive bêbeda durante seis meses, tudo o que fiz foi sem o meu consentimento  Tudo o que me guiava era o desejo, e toda a razão foi esquecida. Fui sem nada para a guerra, e voltei sem ti...
Acordo de um sonho bem distante, uma mera recordação de uma aventura que vivi sem viver, desfocada, incompleta, e mitificada. Como é que é possível  Se amei tanto, se lutei tanto, se fui louca amando, e se o amor reside nessa loucura, então porque é que acordei? Nada mudou, sem ser o facto de haver um muro bem alto que nos separa, de já não ter acesso ao teu ser, de não poder ver os teus olhos...
Lembro-me bem de sofrer por ti, e lembro-me tão pouco da razão pela qual me apaixonei... Sei que fazia sentido, pois passei muito tempo afundada em pranto, e se esse pranto existiu durante tanto tempo, é porque valia a pena. Porém, não me lembro bem das coisas boas. Lembro-me de momentos chave, momentos que me guiaram à situação em que estive, à imensa mágoa... Contudo, não me lembro do porquê de ter querido abrir a porta...
Penso em ti, e procuro iluminar a nossa história no intuito de tentar decifrar o porquê de ter sido louca. Pois a brincar, foram seis meses de loucura imensa, em que o tempo passou sem eu o ver, em que me corrompi, em que poderia ter ido mais longe se a esperança não me tivesse mantido acesa. Que perigo ser quem sou, oscilar de extremo em extremo; amar num dia, e desprezar no outro... Qual é, afinal de contas, o valor das coisas? Nunca poderei ter a certeza de nada, pois serei sempre a impulsiva, a inconstante e a louca que se atira de cabeça sem olhar para baixo, que um dia pode cair, e esse dia poderá ser o ultimo...

16 de maio de 2013

O mau tempo voltou. 
Volto a entregar-me à mágoa, 
Só que desta vez não estás cá para a justificar...


                                           A vista é sempre a mesma...


Talvez a tua ausência o faça...

13 de maio de 2013

Eras tu... quem mais seria?
Quem mais me faria correr?
Corri por quem não devia,
E voltei a ti sem querer.

Há sempre um ser em mim,
Que escolhe o caminho que faço,
Que me da uma energia sem fim,
Que acelera o meu passo.

Que me leva a escolher certo caminho,
Que escreve poemas com as minhas mãos,
Cujo nome grito no fundo de um copo de vinho,
Cujo retrato faço incessantemente a meus irmãos.

Mais uma vez, deitada nesta cama,
Olho pela janela do meu quarto,
E acende-se uma chama,
Da qual não me farto.

Deixei-a entrar quando ela bateu à porta;
Porque o vazio é demasiado entediante,
Porque me faz sentir morta,
Porque a paixão é apaixonante.

Que impudência,
Que regressão,
Que demência,
Que ilusão!

 Ainda vais a tempo de voltar atrás,
Ainda vais a tempo de não te entregares a Satanás...

     
                       

Sobriedade

Estou extremamente sóbria, um tanto apática e perdida... Já não sei realmente viver sem aquela pulsão nefasta; uma força exterior que me levanta da cama todas as manhãs. Voltei a um estado de lucidez há muito adormecido. Volto a ser uma pessoa calma, sociável, altruísta, e descontraída. Volto a querer fazer parte de programas que outrora desprezava. Hoje sou feliz na constância que é a minha vida. Não me sinto necessariamente completa, pois não escrevo, não sofro, não amo, e por consequente, não me sinto viva. Porém, um momento de descanso é sempre um momento positivo. Deixei de correr atrás de alguém, de rastejar, de me pintar bem pequena face a quem amo. Deixei simplesmente de amar. Não quero nada, ainda que me sinta incompleta. Contento-me com a vida frugal que levo.
Não é altura para grandes paixões, os ponteiros do relógio avançam, a areia vai caindo, e não me falta assim tanto tempo para sair de onde estou, para ter de enfrentar a vida, despedindo-me dos meus próximos, e construir tudo sozinha. Em Setembro há mais, poderei voltar ao meu estado decadente, poderei ser a ratazana que fui (ainda que ache que nunca mais o serei), poderei amar e escrever sem limites. 
Já fui artista o suficiente nestes últimos meses. Todos os textos que escrevi hão de compensar aqueles que não escrevi ou que escrevi mal. Tudo aquilo que fui, poderá entrar em todas as biografias que fizerem sobre mim. Tudo aquilo que vivi, nestes últimos meses, poderá ser, mais tarde, a única coisa que vivi este ano. A minha vida não precisa de ser constantemente emocionante, nem eu saberia trazer mais emoção. Também mereço tirar férias da minha loucura, também mereço tirar férias de ti, de mim e do mundo.
Hoje vivo para os outros, já não és o centro do meu universo (ainda que na verdade fosse eu mesma). Hoje acordo por eles, hoje eles são tudo o que tenho; pouco, é certo, mas hoje o pouco é no final, aquilo que quero e aquilo que me faz feliz...



Quem é o mentiroso que diz que escreve quando está feliz? A felicidade é tão efémera e eufórica que não escreve textos...A felicidade vive-se, a tristeza sente-se.



2 de maio de 2013

Ela

Ela não sabe que tem brilho, que tudo o que emana é luz, e tudo o que causa é inveja. Ela está perdida, muitas vezes crê que está sozinha no mundo, quando na verdade, todos tentam alcançá-la. Só gostava que ela se visse objectivamente, que visse o quanto é fantástica... Ela pode ter tudo, tem o mundo nas suas mãos mas não sabe usá-lo. Nunca vi uma pessoa assim, com uma mala tão grande, onde guarda tantos objectos, tantas recordações, tantas histórias, tanta sabedoria...Porque é que ela não acredita? Vi nos seus olhos a tristeza, vi-a de frente, e custou-me tanto vê-la... Ela não merece, a vida já lhe pesa tanto, mais do que devia pesar. Ela insiste em culpabilizar-se, pois crê pouco nas suas capacidades e no poder que tem para mudar as coisas, mas o poder existe, e ela detém-no. Ela é sempre a submissa, e custa-me vê-la a submeter-se, pois teria-me atirado da ponte por ela, como muitos outros o fariam...
Quem é que a deixou assim? Dava tudo para lhe espelhar a realidade, dava tudo para que ela se visse como ela é; incrivelmente grande. E não sou eu, não são os meus olhos, pois há muito que tirei os óculos que faziam dela uma Deusa; hoje olho para ela sem a embelezar, e vejo-a ainda maior, pois a raiva que cobria a minha pupila, sumiu. Vejo-a no seu auge, e procuro mostrar-lhe que ela é mais, que ela é melhor, que ela é incrível.

Olharei sempre por ti kika