19 de janeiro de 2013

Corro para não me arrepender

Corro contra o relógio. Sei exactamente quanto tempo tenho, mas para quê correr? Para quê querer la chegar?  Corro para mais tarde não me arrepender, porque não sei lidar com o arrependimento, e porque assumo que por mais efémero que seja, valerá decerto a pena... O tempo assusta-me, desde que te conheço que me assusta, que passa, e que de repente já passou sem que aproveitasse aquilo que foi. E agora, o prazo é curto, e a angustia cresce progressivamente em mim...
Não esquecerei todos os erros que fiz, todos aqueles que te afastaram, viverei eternamente com a frustração de não te ter tido enquanto gritava o teu nome a todos, bem alto, acompanhado de algo extremamente piroso, e por ter chorado, e por tê-lo posto ao nível dele. E por mesmo assim não ter encontrado as forças para te ter, porque se te amava tanto, como é que te deixei passar? É a primeira vez que desejo que o tempo volte atrás, que alguém me dê uma oportunidade para remendar aquilo que correu mal.
Não te terei, sei que é tarde, até para mim, no entanto, não posso parar, tenho de correr, correr para não me arrepender... Porque depois, mesmo que eu queira, não poderei fazer mais nada...é agora ou nunca! E curiosamente o nunca é maior do que o agora, no entanto o agora existe, e isso já é alguma coisa... Há que ter esperança, mas o que anseio tanto? Será que anseio o que anseio porque é amor aquilo que sinto, ou será que é para recuperar parte do meu ego? Não amo mais nada, já não há amor próprio, já não há nada...Há meses que não há mais nada!
Se soubesses aquilo que sinto saberias que é amor, mas citando Fernando Pessoa: O amor quando se revela, não se sabe revelar.

Crio esta ilusão para que fique fotografada na minha memória, para que fique bem claro que eu nunca desisti, para mais tarde não me culpar, não achar que podia ter feito mais. E eu preciso disto, eu preciso dessa certeza para não me afundar num mar de arrependimentos. Eu corro para não haver consequências, porque contigo eu já não tenho nada a perder, mas quando te fores embora, não quero que leves parte de mim e que nunca me devolvas. Eu preciso de ter a certeza absoluta de que não há mais esperança, e não são as palavras que o dirão...

Se eu ao menos soubesse amar quem me ama..
Pois do que serve amar quando és o único a fazê-lo?
Infelizmente não é contagioso...

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