5 de maio de 2012

Vida

As palavras aproveitam-se da confusão para fugirem, e hoje deparo-me diante desta página branca sem saber onde quero chegar, e sem saber o que ilustrar. Há conjuntos de pensamentos que me atormentam e me preenchem a mente. Há tanto na minha cabeça mas as palavras são poucas.
As distracções apagam os delírios, os horários e as agendas desviam a minha mente para um caminho fácil, rápido, mas superficial. Tenho medo de segui-lo, pois das vezes que o fiz, cheguei a um momento em que não havia mais nada. Era um fim, e era o inicio da mágoa mais genuína que conheço. É o momento em que me apercebo que fui apática e que andei a seguir o rebanho e não olhei para a vida.
Ainda ontem era Setembro...e já amanhã virá o verão. É irónico pois este ano tentei agarrar cada dia como se fosse o ultimo na esperança de guardar mais memórias e mais armas para combater a solidão e a nostalgia que virá a seguir. A nostalgia virá, é inevitável, mas neste verão, ela virá desarmada face a um escudo de recordações, escudo esse que trará alguma tristeza e alguma fome pelo que é físico. Para quê pensar num futuro vazio quando o presente está cheio? Suponho que seja só uma maneira de atenuar a dor, prevendo todos os antídotos possíveis e imagináveis. Mas a minha cura está em Setembro, sou demasiado teimosa e orgulhosa para admitir que o verão é um bom momento. É um bom momento, mas é um poço de tristeza e de solidão. É o momento em que mais delírios me visitam e me enriquecem. Eles magoam-me mas não mais do que me fortalecem. Porque a tristeza da-me força, da-me motivação, faz-me acreditar que estou viva, faz-me pensar que estou a andar para a frente. Nunca é demais pensar, nunca é demais estudar todos os cantos da nossa mente, antes de percebermos os outros temos de percebermos-nos a nós mesmos. É a chave para o sucesso, pois ninguém está sozinho, existem em todos os mesmos sentimentos e os mesmos comportamentos, são é traduzidos de diferentes maneiras. Cabe-nos a nós de a escolher, cabe-nos a nós de os captar quando se reproduzem à nossa frente.
A vida é isto, é um processo de auto-conhecimento e de auto-criação. É saber o que somos para podermos ser melhores. É saber exactamente onde ir e o que fazer, é aperfeiçoarmos-nos para depois aperfeiçoarmos os outros.

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