9 de julho de 2021

 Fim de festa e principio de realidade que se impõe - antes não era assim. Podíamos fugir mais tempo, havia sempre uma almofada familiar ali a amparar as responsabilidades que espreitavam por entre a culpa. Agora não, e na balança acabam por não mais compensar os paraísos artificiais em que quisemos mergulhar.  Não vale a pena, não há nada como conseguir pagar todas as contas no fim do mês. Fim de festa e principio de tédio que se impõe - outra vez este sentimento de merda de estarmos reféns do que podemos ou não pagar. Ao menos nos momentos em que nos unimos aos outros, temos uma ínfima sensação de não estarmos à mercê do universo, de fazermos um pouco mais de sentido no meio da confusão, de encontrar alguma segurança - ainda que dure apenas cinco minutos. Se algo acontecer, ela vai estar lá, eu sei que vai, ela que me vê, ela que eu vejo. Enfim, há quem se una a vida inteira atrás dessa segurança, e há quem tenha medo de se colocar nessa posição de vulnerabilidade. Está tudo bem Leonor, eventualmente virão outras festas.



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