24 de junho de 2021

 Foi naquele bar que a vi, estava sentada, afastada de onde estavam as pessoas. Agarrava-se ao telefone com um ar sério, preocupado, concentrado. Olhei para ela e percebi logo que eras tu que te escondias por detrás dos dedos dela. Dedos hesitantes, procurando as palavras certas para te trazer para ali. Olhei para ela e algo em mim encontrou algum alivio por não ser eu. Lembrei-me das expectativas que tinha quando quase que te via, quase que dormia contigo, quase que namorámos - mas não. Fiquei sempre à espera de algo que não chegou, e tu soubeste sempre dar-me esse quase nos momentos em que já mal havia alguma coisa.

Tu nunca estiveste preparada para mim. Eu era substância, peso, profundidade, e tu querias essencialmente encontrar leveza, superficialidade, efémeros estímulos que te fizessem sentir bem. Eu não sou efémero estimulo nenhum e tu nunca tiveste estofo para o que te quis oferecer. O que de ti pensei, eternas mentiras que me contei a mim própria, a profundidade está em mim, tu dela sempre fugiste. 

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