14 de maio de 2021

Já tenho tão a certeza absoluta de que o meu passado condiciona tanto o meu presente, que constantemente o deixo interferir, conduzir-me ao mesmo lugar. Afinal, tenho de confirmar o quão importante é a infância das pessoas e principalmente - a minha. Assim me vou justificando, falhanço após falhanço, a sina é sempre a mesma. 
Estou tão ocupada a confirmá-la que não reparo, por vezes, que sigo por um caminho diferente, que longe estou de fazer as mesmas escolhas. Se instintivamente sou atraída para as mesmas situações, a forma como a elas reajo já não é a mesma. Há indícios de coisas novas a emergirem, uma capacidade maior de zelar por mim. Primeiro, procurar o outro para o fazer, mais tarde perceber que o outro nada o faria e enfim perceber que podia só seguir um caminho diferente. 
Afinal, acabo por descobrir, que a coisa que mais condiciona o meu presente, não é o passado em si, mas é a crença de que isso acontece, essa crença confirmatória de que estou condenada a uma vida de falhanços e desamores. Como se nas minhas mãos não estivessem todas as minhas decisões. Assumir essas escolhas é assumir o caminho e o que com ele vier, é erguer-me quando não for simples como pensei, ao invés de me justificar com o que ficou lá atrás.

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