13 de maio de 2021

 Abri os olhos aos meus erros, e como se de amor se tratasse, ajoelhei-me em lágrimas diante da possibilidade de ter merecido todo o sofrimento em que me vi crescer quando tinha tão pouca idade para escolher diferente. Ouço novamente as crianças lá dentro a chorarem, elas que adormeci no esforço de não me deixar render ao abismo em que vivia. Afinal, cá fora tudo se desmoronava, e não era tempo de abrir os braços aos seus lamentos. Nunca são de hoje as nossas maiores dores, e o meu mal é saber de onde vêm e assim as cantar. Há quem as entregue a outros que as aceitam, e no final, a raiva emerge como escudo contra a tristeza. Aniquilar o outro para nos mantermos inteiros. Alquimia da psique, tristeza transformada em zanga, passividade em ação, guerra em que só um pode ganhar. 


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