15 de novembro de 2018

De mim pouco sabem, nem nunca tudo saberão. Serei sempre o submarino que passa lá em baixo, onde é sempre noite, e avistam através da janela o meu tronco erguido num salutar afável. Serei sempre vista de um pequeno rectângulo, para um corpo tão incompleto. Universo só meu, pedaço inefável daquilo que sou. Serei eu e serão vós, ingénuos passageiros desta viagem solitária. Não, não haverá mãe que viva para sempre, nem a vossa. 
Serão sempre como eu, luzes efémeras que incandescem, depois iluminam, até que passam. Serão sempre como eu, passageiros solitários desta escura noite, e será sempre no seu breu que todavia encontrarão outras luzes, e serão elas a própria vida, e nada mais. Alteridade que nunca chega perto do que vocês são, ou do que se estão a tornar, pedaço inconquistável do que o hoje está a fazer ao amanhã. 

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