8 de novembro de 2018

Estranha Situação

Estranha situação mãe...
Ao pé de ti me encontro
Numa sala grande e vazia,
Onde nunca antes tinha estado.
Estou no chão sentada ao teu lado...

Há uns brinquedos à minha frente,
"É seguro brincar?" pergunto-te com o olhar.
Não sei se me viste, estavas mergulhada
Nesse livro que te levava para outro lugar.
Ou terás tu mostrado que nada me podia magoar?

Do outro lado da porta ouço uns passos,
E não tardo a ver a mesma abrir-se.
De longe apercebo-me do vulto a entrar,
Fito-te então prontamente com o olhar:
"Mãe, é seguro continuar a brincar?".

Nada me dizes mas leio nos teus gestos
Que não me devo exaltar,
Que posso continuar livremente a explorar
O mundo real que se me quer mostrar...
Mãe, olha para mim a tentar!

Confiante caminho para o outro lado
Da sala, onde encontro uma nova forma,
"Posso agarrar?" não, desta vez não
Te vou com esta pergunta chatear...
Mas mãe, não posso deixar de para ti olhar!

Eis que no teu lugar está o vulto que entrou!
Uma senhora feia que não és tu!
Que sonho mau é este em que não estás?
Achei que me levarias sempre,
Para onde quer que vás!

"Não, tu não és a minha mãe!
Olha para os meus olhos e vê
O quão horrorosa tu para mim és!".
Mas da porta surges tu enfim.
"Mas como foste capaz?"

Dizem meus braços enquanto te batem
E te abraçam num pranto infindável
"Como é que tu consegues tanto amar
E tão pouco me saber mostrar?
Não mãe... eu nunca mais te vou largar."



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