27 de setembro de 2018

Querido pai, Quando um dia procurei meu primo, Apontaste para a minha mãe, De contornos tão hidrófilos, Ai a encontrei-a a ela, pela primeira vez nua Pousada na mesa da nossa sala. Depois mais longe avistei-te vigiando aquela Ilha Tão pouco insonsa "um turismo de sexo" Disseste com tanto desdém. Quem eu era, para onde ia Devia ser revisto, Por tua culpa, meu pai, Não sou inteiramente mulher, Tento afundá-la num banho de Virtudes Mais altas, porque não te quero ouvir A falar com esse desdém. Falarias tu comigo ou estarias a ver a minha mãe?
Quiçá na cama com ele, afinal tu sabes como elas são as mulheres... Mas quando vem a noite vem também a lua, E as suas emoções soltam a mulher desesperada, enraivecida que me habita, Aquela que quer poder e não hesita em tratá-los
Como te queria tratar a ti, meu pai. Serão eles todos como tu? Fracas criaturas decoradas de grandes Valores,
Não pai, tu não és o ser que querias, e eu de ti herdei esta dificuldade em me vir
Toda sentada na boca de uma mulher..
Afinal a elas eu só quero amar, ser o romântico, ajoelhado a vê-las dormir,
Sujá-las é que não, afastem aquela selvagem que grita lá de dentro,
Das masmorras que a tua voz ergueu para a mulher que sou.

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