11 de janeiro de 2015

Sobre 2014.
Um ano sem ti. Começou com a tua partida. E sempre julguei que fosses apanhar ar por instantes, que o tempo te traria de volta, que voltarias para casa, tu que querias voar, que te querias perder nelas, que querias ser livre. Mas rapidamente iniciaste outra viagem, com outra pessoa, e nunca mais voltaste. Hoje percebo que a razão pela qual te foste embora foi a tua incapacidade para calar a curiosidade que tinhas por ela, a fome que eu não matava. Não era liberdade que procuravas, mas sim alguém que te desse aquilo que eu não te dei. E o que é que foi que eu não te dei? Eu estava gasta, estava acabada, tinha perdido o meu brilho, tinha-me perdido em ti, tinha-me anulado por ti. E o ano começou com tudo isso e contigo a queres-te ir embora mas a não conseguir porque vias o pranto que a tua partida me causava. E quando te foste mesmo embora acordei de um sonho de sete meses, e vi-me outra vez sozinha, com a vida inteira pela frente, mas sem saber o que fazer com ela, sem saber para onde ir, a quem dedicar os meus dias, sem saber vivê-la sem ti. Eu que achava que te veria envelhecer ao meu lado, como é que eu não reparei que não era ao meu lado que querias estar? E a raiva levou-nos a fazer e a dizer muita coisa que não queríamos, e foi devido aos efeitos dessa raiva que o nosso futuro deixou de se poder voltar a cruzar. 
Foste-te embora e em todo o lado o teu perfume, em todos os lugares livres na minha rua a vontade de te ver chegar e estacionar o carro, em todas as musicas do Saez, em todos os filmes. Tudo me levava de volta a ti. Mas tu não voltarias e eu tinha de seguir em frente apesar de naquela altura me ter sido impensável sobreviver sem ti. Mas eu tinha de sobreviver. Deixei a minha (quase nossa) casa, deixei a minha faculdade, deixei o meu pais e fui-me procurar em Paris. Paris só me deu mais horas para te sonhar, mas Paris trouxe até mim aquela que me viria salvar. E se o meu 2014 tem caras, uma delas é a dela, daquela que me acolheu nos seus braços e foi boa para mim, e me mostrou que há mais. Mas Paris é para amantes e aquele mês só acentuou o meu pranto. Então voltei para estar em casa quando um dia viesses tocar à minha porta. Mas tu nunca vieste. E eu bem tentei abrir as portas a outras pessoas mas parecia qua a minha casa estava assombrada, que ninguém ousava entrar, que sentiam o cheiro a morte que lá pairava.
E só 6 meses depois é que renasci, é que alguém me veio reacender, e a partir dai foi tudo mais fácil, encontrei-me, voltei a apreciar estar com os meus amigos e se houve algo de bom neste ano foi exactamente isso, os amigos que fizera e que reencontrara. Eles também são definitivamente a cara do meu ano. 

Obrigada a todos por me terem dado a mão. 
Para sempre vossa.

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