31 de dezembro de 2014

Não, tu nunca te virias sentar nesta pedra tão gasta, tão corrompida pela vida. Tu nunca tocarias em algo de tão sujo, de tão estrangeiro. Tu nunca olharias para algo que já não brilha, que perdeu a cor, que perdeu o rumo. Tu nunca darias a tua vida por algo de tão insólito, de tão diferente daquilo que sempre quiseste. Tu nunca te darias ao trabalho de querer mudar algo que não tem futuro, que se ficou pela promessa de um dia dar frutos.
Tu nunca admitirias aquilo que só tu e eu sabemos, aquilo que nem para ti mesma ousas pensar. Tu nunca arriscarias a tua reputação para me convencer que ainda tenho alguma sanidade, que não é só aquilo que eu quero ver, porque eu não alimentaria uma ilusão, certo? Algo que, todavia, me fazes crer que existe. Mas não, tu nunca te sentarias nesta pedra. E eu bem posso esquecer aquilo que tantas vezes julguei que pudesse calar o monstro que vive em mim.

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