30 de dezembro de 2014

Mais um ano que passou e cada vez mais longe de mim. Se sou fruto daquilo que vivi, se os meus olhos testemunharam tanta destruição, sei que o futuro será mais do mesmo. Cada luz acabará por se apagar e por te afundar, mais uma vez, num mar de desesperança. Nunca soube para onde ia, mas sempre soube onde queria chegar, porém, hoje, diante desta paisagem, o que é que realmente vale a pena? A eterna procura de um propósito, de algo que perdure, mas se tudo se transformará em cinzas, de que vale construir a base mais sólida se também ela se evaporará? Não, a resposta não pode estar nisso. Depois de ti nunca mais fui a mesma, depois de ti a certeza de que até o universo acabará por se perder algures no tempo.
Cada vez mais estrangeira, cada vez mais desafinada, cada vez mais corrompida pela preguiça, preguiça em filtrar palavras, em me disfarçar melhor entre eles, em utilizar aquela forma infalível para o sucesso, preguiça que nasceu da certeza de que tudo é vão. Já fui como eles, já sonhei que o meu nome se repetiria em todas as casas durante infindas gerações. Já quis estar em todas as bibliotecas, em todos os ipods, quiçá até numa praça, em cobre, diante do Camões, mas para quê se de geração para geração ao meu nome se acrescentará mais uma sílaba, aos meus escritos mais uma palavra, ao meu rosto mais uma ruga, se no fim já não serei eu, e se eu, eles e toda a Humanidade acabarão por ser esquecidos e apagados, para quê querer adiar o inevitável?
Não, eu não sou daqui, nunca serei feliz enquanto este monstro existir. 

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