14 de maio de 2014

O eterno sentimento de não pertencer a lado nenhum, de ser alheia a este mundo, invisível, acessória. Um peso a mais na carteira da minha mãe. A minha casa, a casa do teu pai, e agora até já existe a casa do teu irmão, e eu que tinha a minha casa - onde construíra um lar, que fizera dela um leito, algo de sólido, um sitio onde havia amor - hoje não tenho nada.
Afinal sempre é verdade, afinal sempre perdi tudo; a minha identidade, a minha rotina, o meu lar, o meu rumo, a família que criara, e a vontade de viver.

Desesperança. Onde é que me encaixo?

Não, não te consigo proteger, nem a ti, nem a ninguém. Não estou pronta, não tenho forças, só tenho os meus braços para te abraçar, mas temo que não cheguem para te aquecer. Ninguém procura o mau tempo, e eu só tenho isso para oferecer.

A sensação de que o melhor ficou para trás, de que o sol não brilhará tão cedo, de ter de suportar por mais tempo esta viagem solitária e triste, sem destino e sem ninguém para me dar a mão.

Temo que a única mão capaz de me salvar, é a minha.
Mas para quê?
Para quem?

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