6 de julho de 2013

Climax

Ela não sabia o que lhe esperava. Queria agir com a razão, mas havia diversos assuntos do coração pendentes, à espera de serem resolvidos, ainda que a solução estivesse na razão. Ela sabia o que era melhor, só não sabia se era o melhor que queria. Ela era feliz, muito feliz, provavelmente nunca tão feliz, porém, faltava-lhe algo, uma peça que se perdera, um vazio que lhe enchia de incertezas, uma essência escondida, uma metade nefasta, um órgão inanimado, um peso sem utilidade, inevitavelmente agarrado a ela. E ela temia que um dia aquela metade se reanimasse, para a consumir, para a perseguir e para a levar rumo à infelicidade suprema, aquela que em toda a sua brutalidade lhe fazia sentir viva. Frequentemente se perguntava qual era o propósito da existência; ser feliz ou fazer com que o seu nome perdure? Afinal de contas o que interessava? Ela nunca optaria pela felicidade, e quanto ao nome, não estaria cá para confirmar que continuariam a falar dela... E com isto tudo, o tempo continuava a passar, e o prazo encurtava-se, e a decisão impunha-se. Por uma vez que a felicidade existia, porque é que ela tinha tanto medo de a viver? Seria a queda que a atormentava? A depressão é bem mais confortável pois do chão já não se passa, a felicidade, na sua efemeridade, é provavelmente a coisa mais assustadora que criaram; tão rápido chegamos la acima, como num ápice podemos cair...

...O momento vale tudo, right?
Hope so, I'm all in.

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