22 de abril de 2013

Neptuno

És a reencarnação da esperança, o renascer de algo em mim, algo que vive, algo que mexe, que me faz levantar da cama, que me leva a procurar-te por Lisboa. És uma coisa boa por reflectires algo de positivo em mim, uma reacção corporal que se manifesta em energia, uma dose de adrenalina a correr-me pelas veias, a querer apertar-te contra mim. Por muito que me afastes de ti, tens algo que me atraí, algo que passa despercebido aos olhos da razão, algo que me corroí a alma, que faz com que algo dentro de mim entre em ebulição, e te procure, e te agarre e te aperte. Tenho fome de ti. Tudo em mim é fome. És o desejo por consumir, um desejo que tão facilmente se confunde com a necessidade, um desejo nefasto mas saboroso. Tudo em ti é errado, tudo o que me dás é mau, mas tudo me puxa na tua direcção. E eu serro os dentes, respiro por entre eles, o ruído do meu respirar assemelha-se a um gato assanhado que luta por aquilo que lhe pertence, ainda que tu não me pertenças...
Rendo-me aos teus encantos e deixo-me levar por toda esta explosão de sentimentos. Faço-o por não haver nada mais na minha vida, por me faltar emoção e companhia, por me faltar motivação e esperança. E projecto tudo em ti, como projectei nos outros, e uso-te, e faço-me de vitima, e todos dizem que tu não me mereces, e eu continuo a rastejar, e todos têm pena de mim, e eu continuo, porque eles não percebem que eu preciso de ti, ainda que seja para ser manobrada, usada ou gozada por ti, eu preciso de ti, preciso que por uma vez alguém decida por mim, preciso de ser a submissa que não leva às costas o peso do arrependimento, preciso de ser a influenciável que nunca tem culpa, pois a decisão nunca é dela; preciso de ter uma desculpa para falhar nesta Primavera, pois eu já não tenho forças para brilhar, e preciso que essa desculpa sejas tu. Tenho fome de ti.

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