13 de abril de 2013

Desejo

Não percebo de onde vem esta necessidade de sentir, esta sede de alguém, que me leva tão rapidamente ao extremo, que tapa todas as outras caras e grita o seu nome ao meu ouvido. Um nome que não devia ecoar, por ser simplesmente um nome isento de qualquer ciência. Por ser um nome que se associa a uma cara para a qual tantas vezes olho, mas de alguém que não conheço. Na verdade nunca é o objecto em si que eu desejo, mas a relação que me liga a ele. Desejo algo que venha preencher um vazio, porém, o desejo vive sempre no futuro, por isso torna-se sempre insuficiente. Desejamos aquilo que não temos, e quando conseguimos alcançá-lo, deixamos de querer. E o vazio continua vazio, pois o desejo não nos satisfez. Porém o desejo confunde-se muitas vezes com a necessidade, e quando desejo, tenho uma fome febril de alcançar o objecto visado, é como se fosse essencial para a minha sobrevivência. E vivo na utopia de que o objecto que desejo, seja por fim, o objecto que me vá preencher o vazio que há tanto procuro preencher. Sou escrava das minhas pulsões, vivo por elas e para elas. Faço delas o propósito da minha vida. O que seria eu sem esta fome, sem esta euforia, sem esta loucura? Podem ser desejos acessórios, que não merecem o meu investimento, porém é sempre um desafio, e por muito que não me satisfaça, é sempre um percurso que me enriquece, que me leva mais longe, que me da textos, e que me faz feliz. Quando me liberto do desejo, a minha vida torna-se monótona, e rapidamente desejo desejar.

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