5 de novembro de 2012

Um jardim

Calma, uma calma bastante inquietante, uma passividade, zero de motivação, zero de esperança. Nem uma luz acesa, nem uma porta aberta. Afastei tudo, quis entrar sozinha e perdi-me, demorei muito tempo, não soube jogar, não soube encontrar a chave, estou presa diante desta porta, estou presa entre o passado e o futuro, estou presa neste hall, neste presente sem esperança, sem motivação. Abre, por favor, abre, já não tenho forças, estou a falecer, estou me a fundir, estou imóvel, as minhas pernas tremem, os meus braços não reagem, os meus olhos imaginam-te a abrir a porta e a minha mente perde-se para lá dela. É tão real aquilo que ela me mostra, há energia para lá da porta, há um jardim, um grande jardim, e um lago, um lago que espelha o céu azul, e está sol, e os pássaros cantam, cheira a primavera, estou deitada na relva, estou pronta para descansar ao teu lado, eis se não quando as nuvens correm e abraçam-se, o sol apaga-se, o lago é agora cinzento e um odor a terra molhada faz-se sentir. Tenho frio, tenho medo, estou sozinha, o jardim desapareceu, estou agora à porta esperando-te deitada no cimento frio, vou fechar os olhos, vou voltar para o jardim para te poder encontrar lá...

Sem comentários: