13 de novembro de 2012

Dou por mim

A música adormece-me, dou por mim apática diante do computador a ver coisas que nem distingo, formas estranhas no ecrã, sem cor, sem ordem... Dou por mim a fechar os olhos ao escrever estas linhas, palavras soltas que não pretendem nada se não soltarem-se... Dou por mim a olhar para o telemóvel bloqueado esperando que uma luz se acenda e que vibre, olho para ele e esqueço daquilo que espero... Dou por mim a ouvir a conversa da minha mãe ao telefone, aparentemente vamos jantar fora, e agora ouvi "alguém que tenha tomates para fazer qualquer coisa!", de quem é que ela fala? Para que é que pergunto coisas que não me interessam? Dou por mim bloqueada nesta linha pensando seriamente em fechar esta página para de seguida fechar os olhos... Sinto-me claramente acabada, sinto-me a morrer, sinto que são os meus últimos momentos de vida e que tenho de escrever algo que relate este momento, mais uma página que não sairá da gaveta. (pensamento censurado), mas estou com uma mente estranhamente maquiavélica, apetece-me ser egoísta, azeda e má, apetece-me que as pessoas tenham medo de mim, estou farta de socializar, já consegui banalizar qualquer contacto físico, consegui destruir a novidade que um abraço simbolizava. Dou por mim a ouvir uma música que não quero ouvir, uma música que me faz chorar, e eu não quero chorar, estou apática, estou pacifica, estou distante, estou a preservar o meu estado de espírito, e a preservar também esta posição, acho que ninguém consegue estar apática mexendo-se muito, eu pelo menos quando estou apática mantenho-me imóvel. Dou por mim a falar de coisas que desinteressantes, banais e descuidadas, e dou por mim a fazê-lo para me abstrair daquilo que me destrói realmente. Viva a inutilidade deste texto!

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