18 de novembro de 2012

Doente

Escrevo, apago, volto a escrever, apago, fico desmotivada, mas obrigo-me a escrever, escrever para publicar, escrever vanidades, e para quê? É atenção que procuro? Não invisto em nenhum dos meus textos, esta sede de publicar não me da espaço para correcções e arranjos. 
Como é que é possível eu voltar ao liceu depois de tudo o que vivi? Como é que é possível ignorar tudo aquilo que senti e voltar para a rotina, voltar a entregar-me como se nada fosse... Já não é possível, e no entanto o sol nasce depois de uma noite escura. Mas eu não quero nascer, não quero enfrentar o mundo exterior, a noite de ontem deixou alguns estragos, não quero vê-los, quero ignorar e achar para sempre que foi apenas um sonho.
Às vezes tenho vontade de nunca mais estudar, a vida está nisto, a vida está no sentir, e eu sinto-me viva, sinto-me a crescer, e sinto que aprendo mais com o sentir do que com os livros sobre o sentir. Com tanta coisa a acontecer como é que querem que eu arranje tempo para estudar? Estudar é hoje uma actividade acessória. A minha cabeça está um caos, não distingo nada dentro dela, está tudo enredado e não vejo outra coisa para além deste grande nó, como querem que eu organize as minhas ideias todas numa composition? Como querem que tenha cuidado com a minha expressão se já nem me sei exprimir? Como é que querem que interprete aquilo que o poeta sente se eu neste momento não sei sentir mais nada se não aquilo que sinto, e todos os poemas fazem eco a esse sentimento, e fico cega, e só vejo aquilo que me fala, não me consigo concentrar, tenho uma bola gigante de fios enredados na minha cabeça... Estou a ficar tonta, estou com um mal estar permanente, talvez esteja a ficar suja de vícios ou louca, mas a verdade é que o resto desapareceu da minha vida; as regras, as normas, e as estruturas, desapareceram, nada faz sentido neste momento, nada interessa, o sentir é mais forte do que o resto, e posso morrer na rua como uma ratazana mas pelo menos a minha existência teve um significado. Estou doente, doente de tanto sentir.

1 comentário:

Anónimo disse...

Apenas continuas a 'vomitar sentimentos' em 2012. Nasce, enfrenta o mundo exterior. Combate os teus medos com calma e tenta desfazer esses nós! Bem sei que um dia destes voltaremos a ler textos vivos e cheios de felicidade. Se ainda não é o caso, o que escreves não deixa de ser menos interessante!