8 de outubro de 2012

La vie

Nascemos, brincamos e um dia somos lançados para a vida, desarmados, perdidos, desorientados. Não temos apoio, não temos bases, estamos sós diante do desafio que é a vida. Temos de criar tudo por nós próprios, temos de construir o nosso futuro e assusta-nos pensar que aqueles tempos felizes não voltarão. Vamos para a Universidade, saímos de casa, os fins de semana são passados em constante bebedeira, no entanto as festas de anos não são daquelas com rebuçados no fim mas com vomitado em cima. Sentimos-nos fortes, achamos que já somos independentes, tomamos decisões erradas, caímos, levantamos-nos e voltamos a tropeçar. Ficamos feridos e só queremos o colo da nossa mãe, daquele ser que nos protege e nos faz sentir amados, e mais uma vez acordamos para a realidade e percebemos que estamos sós, que afastámos todos porque não soubemos lidar com as diversas situações e arfamos, o nosso mundo pára e pedimos a Deus que nos leve de volta para aqueles tempos em que eram os nossos país que traziam o dinheiro para casa. Estamos desesperados, pensamos ter encontrado o amor da nossa vida, casamos-nos, temos filhos e um dia o amor acaba, e ficamos com dois filhos pendurados, sentimos que deixámos passar a nossa vida ao lado só para os criar, e o nosso marido sai de casa, os nossos filhos crescem e tornam-se independentes, não suportamos o facto de eles não nos quererem, tentamos fecha-los em casa mas eles querem voar, um dia lá temos nós de abrir a porta e de os deixar sair. Estamos sós, arranjamos um namorado, mas não presta, nesta idade é difícil encontrar um homem decente, passamos a outro, e mais um, até que finalmente acertamos não porque amamos mas porque sem ele nos sentimos sós. Tentamos agora reaver a vida que nos escapou, mas é tarde, já ninguém nos quer, acham que somos demasiado velhos para conseguir, os filhos empurram-nos para um lar, contrariados vamos. Deparamos-nos todos os dias com homens e mulheres que julgamos serem mais velhos do que nós, nunca admitimos que possamos estar nesse estado, e um dia a doença encontra-nos, nós não choramos, estamos apáticos aguardando o momento. Os filhos estão a nosso lado e choram, até que os nossos olhos se fecham. Nesse momento alguém nasce, alguém brinca e um dia é lançado para a vida, desarmado, perdido e desorientado.

1 comentário:

Amanda disse...

Ta mm giro, fiquei toda arrepiada!