20 de janeiro de 2012

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Inspirado nos Caractères de La Bruyère

Ela aparece após uma semana fora, ela entra na sala e justifica-se, ela senta-se, olho para ela com espanto e penso "como é que ela teve a coragem de aparecer aqui depois de tudo o que fez". Mas ela não se preocupa, ela julga-se mais alta. Ela come uma pastilha enquanto manda uma piada e ri-se sozinha. Ela monopoliza a palavra, e o que ouve dos outros, critica. Ela expõe a sua opinião num longo discurso onde tudo o que fez foi afastar-se da questão. Ninguém percebe mas ela continua. Ela faz barulho, olhamos para ela e ela faz o seu olhar insolente. A professora despreza por ser demasiado boa mas todos nós guardamos uma raiva enorme. As mãos querem apertar, estrangular e calar aquela miúda, mas a consciência não nos deixa. Então guardamos toda essa revolta e vamos acumulando tanta que acabamos por nos habituar a ela. E com isso, da raiva, passamos ao desprezo.

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