3 de novembro de 2011

O mastro.

Pronto já está. Já me voltei a entregar às linhas deste caderno. Cá está a Leonor de volta. Voltei... tinham saudades minhas? Eu não. Eu gostava da liberdade da minha mente, que diverge e confunde tantas ideias e que quando as emite, tem a certeza de que elas serão passageiras, e se erradas, serão esquecidas. Enquanto aqui no papel, tudo tem mais peso e só sou livre de relatar a realidade, tendo em conta a aceitação dos leitores e o mau-olhado. Já esgotei as minhas forças revolucionarias, agora respeito a paz, num banho de revolta. A revolta é interior e vomitá-la só traz mais guerras e mais confusão, e eu não posso entrar nesse meio pois perdi a minha armadura.
Estou na aula de Francês e a apreensão percorre o meu pensamento; A motivação do inicio do ano está a decrescer progressivamente. Lá está a velha história do meu bisavô: "crescer é fácil, o difícil é manter, e basta uma mínima coisa para cair". A tese não foi feita assim, ele utilizou uma longa metáfora: "Num barco, fixar o mastro é fácil, mas para ele não cair são precisos brandais, e basta uma peça se partir para todo o mastro cair". E sem mastro não há vela, e sem vela o barco não anda. Ele aplicou isto à empresa do meu pai mas no final descobri que tal coisa se aplica a tudo na vida.
Eu sou frágil, os meus brandais não foram muito bem construídos, o meu mastro é instável e tantas vezes preciso de parar o barco e de arranjar os tais brandais. Com o tempo necessário, aperto os parafusos e depois sim, posso continuar a minha viagem.
Chega! Chega de distracções! O meu futuro está nesta sala, estas duas horas vão valer ouro, não posso parar, não agora! Vou caçar as velas e entregar-me ao mar.

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