12 de junho de 2011

De Lisboa para Madrid

Queridas amigas,

Há uns meses atrás, chamar-vos de "amigas" seria estranho, seria quase um erro ou uma ofensa. Vocês eram aquelas pessoas que não me diziam nada. Olhava para vocês e via um vazio enorme, via umas pessoas superficiais e falsas. Não falava convosco para me proteger de qualquer injúria.
Quase todas tinham sido minhas amigas na infância mas o tempo tinha-nos separado e eu aceitei essa separação como "para sempre". Até que um belo dia de verão, estava eu na praia, era provavelmente o ultimo dia de praia, e recebi uma chamada de uma pessoa a dizer me a lista da minha turma. E nessa lista estavam inscritas duas de vocês. Confianças, só tinha minimamente com a Maria, apesar de o meu apreço ser maior do que o dela. E se querem que eu vos diga, não sei como é que me aproximei de todas... O ano passou a correr e a cronologia passou me ao lado, assim como todos os momentos.
Hoje em dia considero-vos minhas amigas, porque desde que vocês estão em Madrid que já marquei milhares de vezes o vosso numero na expectativa de combinar algo. E sempre que carrego no botão verde, lembro-me de que vocês não estão cá. Quando eu disse "o que é que vai ser de mim sem vocês cá?", foi sentido, tinha a certeza que isto ia produzir um vazio enorme em mim.
O pior disto tudo é que para além de eu ter perdido (por quatro dias) cinco "novas" amigas, perdi uma grande amiga. E isso destrói quaisquer planos. Penso "vou ligar aquelas vacas", depois lembro me "MADRID PORRA" e depois vejo a minha lista telefónica "Eugenia, boa!" ...."Madrid!!!". Madrid nunca há de ser a minha cidade... Passei o ultimo mês a ouvir "Madrid! Madrid! Madrid!" e apesar de ter tentado exaltar a minha felicidade pelo contentamento delas, não podia porque sabia que ia ser "infeliz" durante os quatro dias mais "felizes" do ano delas. Não há de ser nada, amanhã volta tudo ao normal. Apesar do verão trazer um cheiro a adeus... Um adeus ainda mais doloroso do que este. 
(beijinho à Blanca que por tanto tempo foi uma pessoa que admirei).

Com saudade,
Leonor Ramada.