3 de maio de 2011

Outro de muitos.

Este texto relata uma realidade alterada.
Ontem vi-te, estavas descalço sob a calçada Lisboeta. Não me viste porque ontem fui um pássaro. Voava de varanda em varanda quando me deparei contigo. Parecias estar feliz. Não sei explicar por quê mas parecias vindo do infinito. O teu olhar relatava uma esperança que havias perdido anteriormente. De súbito, chegou alguém. a teu lado: era uma rapariga vistosa. E sabes o que é que mais me marcou? Foi o ar dela, ela era fora do comum, aparentava ter algum fundo, algum senso. Se fosse uma pessoa vulgar e superficial, eu não me apoquentava mas ela era diferente e isso criou em mim uma ameaça enorme.
Voei para longe apanhando boleia de um vento de Sul que me levou até uma travessa escura e triste. Aí chorei com todos os meus órgãos de andorinha. E agora, após algumas horas a reflectir sobre o assunto, vejo com clareza que tudo foi em vão. Afastei-me de ti, errei e quando finalmente, após 8 meses quis redimir-me, tu fechaste-me as portas do teu mundo e deixaste-me aqui desprotegida. Não sabes o quanto é que eu me sinto só.
A vida foi tão ingrata. Dei tudo por ela, tentei abrir janelas colectivas de felicidade, e no final foi ela quem me fechou as janelas.
Desculpa se voltei de repente mas a dor que guardava dentro de mim, crescia de dia para dia e tornou-se demasiado profunda. Agora vomito tudo com o intuito de superar esta fase negra e frágil.
Olha só para mim, olha-me nos olhos. Quero ver que me esqueceste, quero sentir que já não me amas. Não me deixes na incerteza. Dá-me isto, dá-me o meu bilhete de regresso.
Arfo de saudades, nunca mais respirei....

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