Esta noite deixei a tua mãe doente
Os pais dela em pânico, pais que eram
Os meus próprios avós.
Ela ia morrer, não havia dúvidas,
Mas ela fingia-se interessada
Em mostrar-me qualquer coisa que estava ali na sala.
Mas de ti ninguém esconde nada
E fui encontrar-te junto à máquina de kebab
A desfiar a carne como quem desfia a injustiça
Até à razão, ao núcleo amoral do evento,
Desta vez, não poderia haver um,
Qual processo ou merda que te disseram na Biodanza
O universo que escolhesse outra rota
A tua mãe não ia a lado nenhum.
Tanto que não ia que compraste
Bilhetes para um concerto
Perguntaste-me se ia, e eu inventei um gajo
Para vir comigo.
Trouxe o gajo, tu viste-o
E tornamo-nos na hipotenusa
Enquanto eu sagrava no chão
Esquecendo-me que éramos tu e eu soma
Da vossa relação, em ângulo reto,
Segmento curto que termina em alta tensão.
Adoeci a tua mãe mas os pais dela
Eram os meus avós
E a tua mãe talvez fosse a minha,
Se a Margarida tivesse estado
Preocupada em proteger-me.
Adoeci a tua mãe e finalmente entrei em tua casa
Encontrei o espaço habitual no meio do teu sofrimento
Depois fomos para a rua e é sempre o masculino que não sei ser
Quando a emoção escapa do meu corpo
E vem para a boca gritar.
O corpo não se esquece,
De todas as pedras que atiraste
De todas as vezes que disseste que eu era passagem,
Espaço transitório entre mim e outro,
Prazo de validade a expirar,
Semente do abandono.
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