6 de agosto de 2021

 Tenho pensado que na vida as coisas quando vêm, vêm em grandes quantidades. Há escassez e depois há abundancia - pouco dinheiro, muito dinheiro, muitas oportunidades de trabalho ou nenhuma. 

As pessoas que tenho conhecido têm sido representativas disso também. Há qualquer coisa em mim que está a emanar algo que as atrai. Quanto mais amor eu tiver para dar, mais pessoas chegarão para o receber.

O padrão serve, até deixar de servir. Ontem, apaixonada, preguei que tudo no fim ia dar a ela - e ainda bem - reparei que a minha terapeuta se inquietou - já estávamos tão longe destas ideias nobres, idealistas, devotas. Mas eu não posso todavia ensinar ninguém as virtudes de um amor assim tão nobre, cúmplice, profundo. Na superfície temos as pulsões do ego que nos puxam para que fechemos o outro nos nossos desejos, impedindo-o assim de se expandir, com medo que ele o faça longe de nós. Mas este amor não é assim, ele é companheiro e transcende a temporalidade, é suporte, é apoio, é amigo, sobretudo amigo. Domínio da ética, Bem para o outro, celebrado pela estética. Ajuda as pessoas a chegarem perto delas próprias, por ser um amor que ouve realmente o que o outro está a dizer, por se demorar nele, aceitar os seus tempos, as suas relações. Eu sei que já quis que o outro cuidasse do meu sofrimento também, mas agora é diferente - ninguém precisa de me salvar, ninguém me vai oferecer o melhor lugar do mundo - porque a verdade é que eu própria é que o sou e quem quiser que venha nele adormecer, encontrar paz e a si próprio também. 

Afinal, é uma sorte ter alguém como eu, só eu é que não sabia.

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