24 de junho de 2019

Creio ser dessas almas amantes da Beleza, da Luz, da Harmonia, do Bem, do Bom, para sempre ter sabido tão bem contemplar as flores que te cobrem, aquele perfume delicado que consigo adivinhar. Desde pequena que observo pessoas que se amam a magoarem-se tanto por não se amarem a elas próprias. Vitimas do seu próprio destino - coitadas! 
Sei que por detrás de qualquer acção que prejudique o outro não estão as intenções que são associadas. E todavia, nesta luta pela vida, para a nossa própria adaptação existem alguns mecanismos que trazem as respostas que queremos. Porque, afinal de contas, até de mim eu tenho, por vezes, noticias de ser amante da destruição do Outro em prol da minha própria sobrevivência. 
Fácil de mais para mim tirar a minha pele, fechar os olhos à dor que o outro me faz sentir, fácil de mais é dar-lhe colo para se proteger de si mesmo.

Falaste-me deles, dos que repetidamente se ajoelhavam à porta da tua vida esperando entrar nela, e eu achei estranho que ninguém tivesse a paciência e delicadeza para o fazer - então o fiz. 

Quando eu entrei estendeste-me a faca para te destruir e eu não entendi... Peguei nela, pousei-a e cuidei de ti, nunca tinha visto uma imperatriz a precisar tanto de ajuda. Não serei eu certamente que te irei querer magoar.

Mas hoje de manhã, enquanto me aliviavam a pressão que se acumulava no meu pescoço, lembrei um velho sonho. Nesse sonho aprendi que mais importante do que o objecto em si, é aquilo que te faz sentir. Lembro-me bem do quão segura acordei nessa manhã depois de receber tanto afecto, respeito, admiração, que percebi também que não podia mais ignorar o quanto me magoas e destróis a minha segurança... Esperei por ti, e tu sabias, e nunca vieste, e estiveste todo este tempo tão perto... Não posso continuar a ignorar os traços mais negros da tua personalidade, não creio mais que te estou a proteger não te os expondo... 

Sempre cantei o que de bom tinhas, sempre procurei mostrar-te isso ao invés de concordar com o que de mau crês sobre ti própria, mas está na altura de procurar para mim aquele prado que sei que existe e não é em ti. Não és prado nenhum.

1 comentário:

Beatriz Coelho disse...

Incrível! Sempre que te leio descubro coisas sobre mim (e não só) que desconhecia por completo. Bem haja, Leonor!