9 de julho de 2017

Sem nada saber do que eras, tomei aquilo que parecias por aquilo que procurava, e tentei entrar devagarinho nos teus dias, perceber onde é que nos meus se podiam entrelaçar. Dei por mim e já estavas estendida no meu sofá, parecia que há muito que sabias como nele te alongar. 
Deixaste partes de ti para trás, como se quisesses ficar, como se de mim não te quisesses perder. Ainda te lembras do inverno, de nos termos encontrado, das minhas calças de veludo, daquela tarde em que me cruzaste no Principe Real, de quando o sol espreitou pelas portas desta cave e nos acordou a vontade de nos unirmos entre caricias e felicidade por existirmos ao mesmo tempo no mesmo espaço. Antes de seres minha pelo medo de me perderes, quis saber o que te assustava, quis que o que nos ligasse não fosse medo, mas vontade de nos encontrarmos, porque somos singulares, e porque na nossa singularidade nos amamos e partilhamos a vontade de absorvermos o mundo juntas, de nos estendermos para além de nós.

Despertaste em mim a vontade de adormecer, de nos teus braços caber, de não mais caminhar sozinha, de me desdobrar numa nova versão de mim, numa nova versão de nós.

Onde está tudo isso?

Afinal é tudo o que fica, uma ferramenta perdida, mais um ensinamento, e tantas outras pessoas por chegarem, por me transformarem... Ninguém ficará, mas quem sai acaba por deixar lugar para mais alguma coisa que me vai transformar, e que seja sempre assim... 

Todavia ainda estou aqui... ainda não houve caminho que se estendesse, vontade de desbravar... Ainda te espero e não te quero esperar... 

Foda-se... Virem-se as páginas, não consigo lidar com o peso de te deixar. 
Rrrrrrrrrrrrrrr que se apresse em chegar o tempo de nos amarmos!


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